Filme do Dia: Manhattan Medley (1931), Bonney Powell

 


Manhattan Medley (EUA, 1931). Direção: Bonney Powell. (segunda resenha)

Aparentemente bastante autoconsciente do ciclo recente de sinfonias urbanas que teve Nova York como modelo, esse curta revisita tanto motivos monumentais que já haviam sido ressaltados por suas antecessoras (Manhatta, Twenty-Four Island) como o transatlântico e os arranha-céus (inclusive o Empire State então recém-edificado, como igualmente a ideia de uma metrópole em constante mutação, voltando as imagens de retroescavadeiras em meio a construções que já haviam chamado atenção de Flaherty em seu curta de quatro anos antes, quanto apresenta, em aberto contraste, visões mais prosaicas da vida urbana, tal como fará seu contemporâneo A Bronx Morning, de Jay Leyda. Tal como no exemplo mais célebre do ciclo, Berlim, Sinfonia de uma Metrópole (1927), de Walter Ruttman, emula-se algo como um dia na metrópole moderna, indo da escuridão do amanhecer a escuridão da noite, adentrando no terreno da vida noturna e dos espetáculos, tal e qual um show de coristas na Broadway, assim como os féericos luminosos que se tornaram marca registrada de Times Square,  tópico habitualmente não retratado no gênero, ao menos no que se refere a própria cidade em questão; curiosamente, o próprio cinema não entra no rol das diversões apresentadas. Nota-se igualmente uma pretensão de apresentar contrastes sociais, apresentando imagens tanto de bairros elitizados quanto de outros de perfil bem menos glamuroso. Embora sonorizado, faz questão de compartilhar do recurso somente de imagens e da música, aproximando-se ainda mais de seus congêneres mudos ao fazer uso da habitual cartela daqueles ao início, justamente chamando a atenção de ser uma cidade “de contrastes inconcebíveis” e explicitamente se filiar ao ciclo das sinfonias, ainda que uma “sinfonia do paradoxo”, demonstrando uma maior cautela que a maior parte de suas predecessoras. Alguns desses constrastes são elaborados visualmente, como os planos de proporções gigantescas que apresentam o panorama impressionante da muralha de arranha-céus com os “microscópicos”, paradoxalmente mais repletos de vida,que geralmente se seguem, dando conta de motivos bem mais triviais da vida de anônimos. Ou ainda o que contrapõe casais brancos, dançando em ritmo nem de longe eletrizante quanto a de um casal negro que se segue.   Sua trilha, de rtimo apressado, parece ser mais um elemento importante a reforçar a dimensão de movimento que é destacado ao longo de todo o curta. Dentre os motivos também já contemplados se encontra a chegada da barca de Stanten Island, apinhada de gente. Em alguns momentos sua provável pretensão crítica, como a que contrapõe operários do alto da estrutura metálica de um arranha-céu a dos investidores na Bolsa de Valores parece passar quase desapercebida em sua estrutura talvez não muito divergente da de um cinejornal que trouxesse uma visão panorâmica da cidade. Algo também presente na manifestação grevista que sofre reprimenda policial. Fox Film Corp. 10 minutos.

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