Filme do Dia: Ciao Maschio (1978), Marco Ferreri
Ciao Maschio (Itália/França, 1978).
Direção: Marco Ferreri. Rot. Original: Marco Ferreri, Gérard Brach & Rafael
Azcona. Fotografia: Luciano Tovoli.Música: Philippe Sarde. Montagem: Ruggero
Mastroianni. Dir. de arte: Dante Feretti. Cenografia: Bruno Cesari. Com: Gérard
Depardieu, Marcello Mastroianni, James Coco, Geraldine Fitzgerald, Abigail
Clayton, Stefania Casini, Mimsy Farmer, Avon Long.
Gerard Lafayette
(Depardieu) é muito próximo do anarquista solitário, Luigi (Mastroianni), que
também trabalha para Andreas Waxman (Coco) em seu excêntrico museu de cera.
Lafayette também estagia em um grupo teatral sexista, onde chega a ser
sexualmente abusado pelas atrizes. Uma delas, Angelica (Clayton), passa a
manter um relacionamento com Gerard. Certo dia, Luigi encontra King Kong morto
nas areias de uma praia próximo de Nova York, assim como seu filhote chimpanzé,
que Gerard adota como filho. Após um tempo de convivência com Angelica, essa
lhe conta que se encontra grávida. Diante de sua reação pouco entusiasmada, ela
decide desaparecer. Luigi se suicida e o
filhote de chimpamzé acaba sendo devorado pelos ratos.
Talvez o que mais
chame atenção nessa produção, realizada num momento em que a produção autoral
modernista já se encontrava em franco declínio no mundo todo seja o excelente
desenho de produção, não à toa a cargo de Feretti e – principalmente – o seu
uso original do espaço, majoritariamente das locações nova-iorquinas. Seja dos
espaços onde moram os protagonistas, seja sobretudo da excêntrica visada do
skyline nova-iorquino a partir das areias de uma praia, provocando um certo
senso de distopia evocativo de ficções científicas, não apenas o recém-lançado King Kong, de Guillermin como O Planeta dos Macacos. A imagem do
gigantesco macaco, provavelmente fazendo uso daquele utilizado pouco antes na
refilmagem do clássico dos anso 30, morto na praia, com a silhueta da cidade,
incluindo as torres gêmeas onde o gigantesco macaco havia vivido seus últimos
momentos é um mais que adequado símbolo para a atmosfera nonsense
presente no filme, algo que absorve muito da linguagem teatral, como em
experiências semelhantes de Fassbinder, efetivadas pouco antes (caso de Satansbraten). Como em boa parte das
produções da época a dimensão alegórico-ensaística acaba em boa parte se
diluindo em meio a uma trama que, por mais heterodoxa que seja com relação ao
cinema convencional, encontra-se distante do radicalismo de realizadores como
Makavejev e Godard produzidos no início da década. Dentre as várias referências do filme o “que”
que se encontra inscrito na parede do quarto de Lafayette é uma piscadela ao
igualmente nonsense filme de Polanski, co-roteirizado igualmente por
Brach. Seu pessimismo final, por mais implicações potenciais que possam aludir,
sobretudo retrospectivamente, pode também ter sido um fecho possível para o
aparente improviso e quase pilhéria sobre qualquer expectativa de uma narrativa
mais convencional. Há uma versão de 113 minutos. Grande Prêmio do Júri em Cannes.
18 dicembre/Prospectacle/Action Films. Aprox. 95 minutos.
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