Filme do Dia: Beyond Sleep (2016), Boudewijn Koole
Beyond Sleep (Holanda/Noruega, 2016). Direção
Boudewijn Koole. Rot. Adaptado Koole, a partir do romance de Willem Frederik
Hermans. Fotografia Melle van Essen. Música Alex Simu. Montagem Gys
Zevenbergen. Dir. de arte e Figurinos Merete
Boström. Cenografia Stini Mari Andreassen. Com Reinout Scholten
van Aschat, Pal Sverre Hagen, Anders Baasmo Christiansen, ThorbjØrn Harr, Marie
Annette TandarØ Berglyd, Jakop Ahlbom, Per Tofte, Nina Takvannbukt.
Alfred (van Aschat) é um jovem geólogo
a se aventurar em vasta região desértica de tundra na Noruega, pesquisando
crateras produzidas por meteoros, com outro jovem, Arne (Hagen), e dois homens
mais velhos, Mikkelsen (Christiansen) e Qvigstad (Harr). Sempre o mais
deslocado no quarteto, embora próximo e dormindo na mesma barraca que Arne, que
o ajuda em vários momentos de apuros que Alfred se depara, ele tem que lidar
com o fantasma do pai, também geólogo, e morto quando ainda era criança. Seu
estado mental apenas deteriora ao longo da viagem.
Aprendemos, ao menos desde O Gabinete do Dr. Caligari, a não confiarmos muito em narradores ou pontos de
vista colados a personagens em complicações mentais. Será o suficiente para
tornar tal produção interessante? Não, e nem mesmo se sabe se investe de fato
nesta possibilidade de leitura possível. Em determinado momento, é interessante
quando a imagem parece desmentir o diálogo prévio e sobreposto – Arne fala mal
para Alfred dos homens mais velhos, embora seja uma fala que também demonstre
certa condescendência, mas no plano visual o observamos tão desenvolto quanto
os outros homens, e mais próximo destes, enquanto Alfred é sempre mais
desengonçado, e parece ter mais obstáculos em tudo, em decorrência de seus
próprios conflitos internos. Quais conflitos são esses, o filme não deixa
claro, e até se admira que Alfred consiga tanto, mesmo no estado de perturbação
ao qual se encontra. É Arne quem também efetua a pertinente investigação, se
para Alfred ser geólogo fora sempre sua escolha, como se desconfiado de sua
vocação, após ouvir tantas dúvidas e inquietações que talvez lhe soem demasiado
transcendentais para um geólogo. O modo um tanto estoico com que a narrativa
segue seus personagens parece reproduzir a têmpera de um Alfred, que mesmo
ferido de uma queda grave, segue adiante, como uma vez mais aponta Arne,
elogiando-o. Se o espectador fará o mesmo, já é uma outra questão. E há dois momentos nas quais foge-se deste
prolongamento enervante. Em um deles Alfred caminha por uma superfície
pedregosa que descobrirá ser uma mulher nua, que o liquidará como um mosquito,
e logo descobriremos se tratar de um sonho. No outro, o filme traz uma das suas
melhores surpresas, o momento de conversa entre Alfred e a adolescente
Inge-Marie em um ônibus. Filmcamp/KeyFilm/Nordisk Film/VARA. 107 minutos.
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