Filme do Dia: A Gaiola das Loucas (1996), Mike Nichols

 


A Gaiola das Loucas (Birdcage, EUA, 1996). Direção: Mike Nichols. Rot. Adaptado: Elaine May, baseado no roteiro de Francis Veber, Edouard Molinaro, Marcello Danon e Jean Poiret e na peça de Poiret La Cage Aux Folles. Fotografia: Emmanuel Lubezki. Música: Mike Mothersbaugh. Montagem: Arthur Schmidt. Dir. de arte: Bo Welch & Tom Duffield. Cenografia: Cheryl Carasik. Figurinos: Ann Roth. Com: Robin Williams, Nathan Lane, Gene Hackman, Dianne Wiest, Dan Futterman, Calista Flockhart, Hanz Azaria, Christine Baranski.

Armand (Williams) e Albert Goldman (Lane) são um casal gay que tem sua vida transformada quando o filho de Armand, Val (Futterman) decide casar-se com a filha do  senador conservador Kevin Keeley (Hackman), Barbara (Flockhart). Armand, então, tem que tanto mudar completamente a mobília do apartamento em que vive, como administrar os chiliques e maneirismos que seu companheiro, mais efeminado, pode provocar no jantar. Inicialmente pensando em mandar Albert para outro lugar, o que o deixa magoado, Armand concorda em que ele possa viver o personagem do tio do filho, enquanto sua progenitora, que não o vê praticamente desde que nasceu, Katherine Archer (Baranski), viverá o papel da mãe. Fugindo do escândalo que acometeu o Partido Conservador, com a recente morte de um senador na cama de uma prostituta negra e menor de idade, Kevin viaja de carro com a filha e a esposa Louise (Wiest), de Washington até a Flórida, pensando encontrar refúgio moral na pretensa família conservadora do noivo da filha. Porém, o jantar acaba sendo uma sucessão de gafes e surpresas quando, por exemplo, Albert incorpora a personagem da mãe de Val, trajado a rigor e desperta as simpatias de Kevin, que resultam no desmascaramento final, com a chegada de Katherine, reivindicando igualmente ser mãe de Val. Apesar de tudo, Val e Barbara casam-se na Igreja.

Essa refilmagem do grande sucesso de público da produção francesa dirigida por Molinaro em 1978, segue fielmente o estilo de humor da produção original, baseado por sua vez em uma peça de teatro que pode ser considerada como predecessora do besteirol no teatro brasileiro. Nesse sentido, seu humor, embora algumas vezes genuinamente engraçado, está amparado em expectativas e situações tanto previsíveis quanto facilitadas pela invocação dos clichês mais banais sobre o conservadorismo de um lado e o mundo gay do outro, chegando as raias de um certo cinismo perverso, como na seqüência em que Armand procura “reeducar” os maneirismos de seu companheiro. Em outras palavras, vamos rir do “outro”, seja a banalidade patética e hipócrita dos valores provincianos defendidos pelo senador ou as histerias e frivolidades dos valores gays, desde que o casal médio urbano americano se mantenha seguro de tais caricaturizações, ao se ver refletido como os mais equilibrados e distantes dos extremos, refletindo-se na figura dos noivos. MGM/UA/Nichols. 118 minutos.

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