O Dicionário Biográfico de Cinema#201: Virginia McKenna

 



Virginia McKenna, n. Londres, 1931


Houve um momento em meados dos anos 50 (uma recordação adolescente) que Virginia McKenna parecia ter um apelo romântico que era inseparável do heroísmo e sofrimento. Em seus dois melhores momentos - A Town Like Alice [Mulheres Fugitivas] (56, Jack Lee), com Peter Finch, e Carve Her Name with Pride [Amanhã Sorrirei Outra Vez] (58, Lewis Gilbert) - ela é uma pálida vítima da guerra (em um campo de prisioneiros japoneses, e na resistência francesa). A tortura está no ar mas sua coragem é irretocável. McKenna foi uma loura britânica, com características esculturais, e ela tinha uma carregada bonomia. Aliás, a prontidão dela de demonstrar esta gentileza às pessoas (nas telas) estava para ser superado por seu abraço nos animais. Décadas após, a Srta. McKenna ganhou uma medalha da Ordem do Império Britânico, por seus serviços às artes e à vida selvagem. Se ao menos a vida nas artes pudesse ter sido um pouco menos selvagem. 

Ela foi educada na Central School of Speech and Drama e na Dundee Rep, e foi brevemente membra de uma companhia do Old Vic (*). Ela fez um Romeo and Juliet (com Tony Britton) que foi exibido na televisão. Sua estreia nas telas foi Father's Doing Fine (52, Henry Cass); The Second Mrs. Tanqueray [52, Dallas Bower); The Cruel Sea [Mar Cruel] (53, Charles Frend); The Oracle (53, C.M. Pennington-Richards); com Dirk Bogarde em Simba (55, Brian Demond Hurst); The Ship That Died of Shame [A Morte de um Herói] (55, Basil Dearden); como a irmã de Jennifer Jones em The Barretts of Wimpole Street [O Céu em Teu Amor] (57, Sidney Franklin); The Smallest Show on Earth (57, Dearden).

E foi neste último filme que encontrou Bill Travers. Em 1954 - por apenas uns poucos meses - foi casada com Denholm Elliott. Porém quando casou com Travers, isto a levou a toda uma nova carreira: após Passionate Summer [Conflito de Duas Almas] (58, Rudolph Cartier); The Wreck of the Mary Deare [O Navio Condenado] (59, Michael Anderson), e Two Living, One Dead (61, Anthony Asquith), ela e Travers realizaram Born Free [A História de Elsa] (66, James Hill), uma comunhão com filhotes de leões, não apens um grande sucesso, mas uma causa para a vida toda. O interesse por animais levou-a  An Elephant Called Slowly (69, Hill) e Ring of Bright Water [A Lontra Travessa] (69, Jack Couffer), uma celebração das lontras.

McKenna não parou de atuar - esteve nos palcos teatrais londrinos com um revival teatral de The King and I [O Rei e Eu] (com Yul Brynner) no final dos anos 70. Mas sua atenção havia partido: como a Duquesa de Richmond em Waterloo (70, Sergei Bondarchuk); Swallows and Amazons (74, Claude Watham); fazendo The Deep Blue Sea (74, Cartier) para a Peça do Mês da BBC e a Sra. Darling em Peter Pan (76, Dwigth Hemion), com Mia Farrow como Peter, para o Hallmark Hall of Fame; muito bem, com Robert Stephens, em Puccini (84, Tony Palmer); Sliding Doors [De Caso com o Acaso] (98, Peter Howitt). Em 2010, retornou, com Keith Mitchell, em Love/Loss (Guy Daniels).

Texto: The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 1775-76.


(*) N. do T: Teatro localizado em Londres, fundado em 1818, um dos mais célebres da cidade. 

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