Filme do Dia: A Chegada (2016), Denis Villeneauve
A Chegada (Arrival, EUA, 2016). Direção: Denis
Villeneauve. Rot. Adaptado: Eric Heisserer, a partir do conto Story of Your Life, de Ted Chiang.
Fotografia: Bradford Young. Música: Jóhann Jóhannsson. Montagem: Joe Walker.
Dir. de arte: Patrice Vermette & Isabelle Guay. Cenografia: Marie-Soleil
Dénnomé, Paul Hotte & André Valade. Figurinos: Renée April. Com: Amy Adams,
Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Sthulbarg, Mark O’Brien, Tzi Ma,
Abigail Pniowski, Julia Scarlett Dan.
Doze espaçonaves gigantescas aportam na terra. Uma delas nos Estados
Unidos. A linguista Louise Banks (Adams) é inquirida a tentar decifrar os
símbolos deixados pelos alienígenas, conseguindo traduzir seu pensamento. Ela
luta contra o tempo, já que outra potência mundial, a China, está disposta a
reagir belicosamente aos invasores, e os próprios militares americanos
pressionam para uma ação ofensiva.
Constrangedoramente banal em sua utilização de clichês saturados do
gênero, o filme estende, de forma arrastada, tediosa e um tanto cheia de
pretensão, um conto, fazendo uso de alguns efeitos de montagem – como é o caso
de inserções que se imagina serem em flashback e são, na verdade, flashforwards.
E não mais que isso. Ou pior que isso. Tal como no pior de Malick, mescla
subjetividade e o mais grandiloquente universalismo, marcado aqui por fantasias
salvacionistas dignas de Cristo. Sim, Louise consegue tocar os alienígenas,
sendo compreensiva, numa escala em que os americanos “não podem” ser,
pressionados que são pela liderança agressiva
chinesa. Não se está tão distante de se requentar a paranoia da Guerra Fria,
como as ficções dos anos 50, de longe tecnologicamente mais canhestras e, em
certos casos, de longe mais auspiciosas igualmente. Tudo isso entrelaçado com
uma pitada (ou melhor várias) de sensibilismo associado a uma das dimensões
mais nobres que a humanidade cultua, o de amor filial, trabalhado de forma
bastante sentimental e com direito a uma trilha musical que flerta, a todo
momento, com essa “espiritualidade tátil”, incórporea mas mais forte que o
poder das armas apontadas para seu corpo, e se tem o cabotino resultado
alcançado, não menos derivativo de uma vertente do gênero em que o alienígena
se torna uma versão futurista do “bom selvagem”. Vertente essa que tem um forte
marco em O Dia Em Que a Terra Parou
e, mais recentemente, o cinema de Spielberg (E.T., mas sobretudo Contatos
Imediatos do Terceiro Grau, com quem também compartilha uma situação de
relativo “imobilismo) como poderosa influência. Para que os alienígenas,
espécies de moluscos de extensão avantajada, não sejam observados com demasiado
distanciamento, batiza-se dois deles como Abbott & Costello, e até não se
recusa um momento de páthos quando se sabe que um deles se encontra
mortalmente ferido. Para fechar o ciclo, o previsível retorno ao início, e para
a generosidade de um amor cujo objeto já se sabe desaparecerá precocemente –
sendo mais uma vez, Louise, de longe mais madura que seu parceiro, que a essa
altura, todos já mais que imaginam quem seja. 21 Laps Ent./FilmNation
Ent./LavaBear Films/Xenolinguistics para Paramount Pictures. 116 minutos.
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