Filme do Dia: A História de Louisiana (1948), Robert Flaherty


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A História de Louisiana (Louisiana  Story, EUA, 1948). Direção: Robert Flaherty. Rot. Original: Robert & Frances Flaherty. Fotografia: Richard Leacock. Música: Virgil Thompson. Montagem: Helen van Dongen. Com: Joseph Boudreaux, Lionel Le Blanc, E. Bienvenu, Frank Hardy, C.P. Guedry.

Ao contrário do que poderia sugerir o título não se trata de um documentário sobre a história do estado americano comprado da França. É antes uma visão poético-pastoral de um mundo idílico, onde numa região pantaneira a única família moradora dos arredores convive com projetos pioneiros para a exploração de petróleo. O protagonista é um garoto (Boudreaux) curioso e furtivo, que passa a se interessar tanto pela obra das mãos humanas quanto pela natureza que já convive há bem mais tempo. Tendo como companheiro um guaxinim, acompanha-se suas aventuras de investigar os ovos dos jacarés, a decepção com a aparente morte de seu guaxinim, Jojo ou o seu temor diante da ameaça de explosão da plataforma móvel de exploração de petróleo. Não existem conflitos na perspectiva de Flaherty e a ingenuidade do garoto, próximo de uma encarnação de “bom selvagem”, acoitado tal qual um animal de estimação pelos funcionários da empresa petrolífera, remete sem dúvida ao clássico Nanook (1922), que tornou célebre o realizador, ainda que distante do carisma de seu antigo protagonista esquimó. Como em Nanook, também aqui se faz uso de montagem para simular situações de contigüidade espacial fictícias – algo que Bazin já tratara e defendera em célebre artigo sobre a montagem que se detém sobre a seqüência da pesca a foca. No caso em questão, é o garoto lutando contra a força de um enorme jacaré. Ainda mais evidentemente encenado que seu filme mudo, e com trilha sonora que marca sua presença constante, além de estupenda fotografia em p&b, o filme bem pode sugerir um paralelo com a etno-ficção defendida por Jean Rouch na década seguinte, sendo a representação feita pelos personagens de si próprios carente de uma maior densidade e, aparentemente, com menor inclusão de seu próprio universo que o de seguir o enredo já traçado por Flaherty. Os diálogos são de tão pouca importância, refletindo talvez conscientemente um certo animismo pouco dado aos protocolos de uma cultura mais urbana e “civilizada”, que muitas vezes são obscurecidos por efeitos sonoros ou pela trilha de música. Produzido com dinheiro da Standard Oil. Robert Flaherty Prod. para Lopert Films Inc. 78 minutos.

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