Filme do Dia: A Lista de Adrian Messenger (1963), John Huston
A Lista de Adrian Messenger (The List of
Adrian Messenger, EUA, 1963). Direção: John Huston. Rot. Adaptado: Anthony
Veiller, a partir do conto de Philip MacDonald. Fotografia: Joseph MacDonald.
Música: Jerry Goldsmith. Montagem: Terry O. Morse. Dir. de arte: Alexander
Golitzen, Stephen B. Grimes & George C. Webb. Cenografia: Oliver Emert.
Com: George C. Scott, Jacques Roux, Kirk Douglas, Dana Wynter, Clive Brook,
Gladys Cooper, Herbert Marshall, Marcel Dalio, Tony Huston, John
Merrivale.
Um escritor, Adrian Messenger (Merrivale), contata o amigo
Gethryn (Scott) sobre uma lista de vítimas de assassinatos, e descobre que ele próprio
se encontra entre os nomes da sinistra lista. Messenger, no entanto, não
sobrevive a sua descoberta por muito tempo. No voo de retorno, seu avião
explode, por uma bomba deixada na bagagem de um pároco, Atlee (Douglas), que,
na verdade, inexiste de fato, e que abandona o local logo após. Um sobrevivente
da tragédia, Raoul Le Borg (Roux) era um veterano de guerra que combatera com o
próprio Gethryn, e que ajuda a desvendar o mistério, passando-lhe para esse o
que Messenger pronunciara no momento de sua morte. O que havia em comum dentre
todos era terem sido prisioneiros em um campo de concentração na Birmânia, em
que um certo Sargento Brougham (Douglas), traiu-os e que ele pretende agora
eliminá-los antes que eles próprios o matem. A empáfia de Brougham faz com que ele,
sem fazer uso de qualquer máscara, surja na propriedade dos Bruttenholm,
apresentando-se como sobrinho do falecido irmão do Marquês (Brook), com o
objetivo de eliminar o herdeiro da família, ainda criança, Derek (Huston).
Talvez mais memorável que sua rocambolesca história repleta
de máscaras (a evocar o cinema contemporâneo de um Franju) seja o capricho não
apenas de fazer uso de astros do porte de Tony Curtis, Burt Lancaster, Robert Mitchum e Frank Sinatra em pontas e, ainda por cima, travestidos em máscaras
(no caso de Lancaster literalmente, pois faz uma mulher que luta pelos direitos
dos animais e contra a caça da raposa), mas igualmente anuncia-los com destaque
nos créditos iniciais, como se fossem os principais do elenco. Isso se se levar
em conta que os astros, com exceção de Douglas, de fato o fizeram, o que vem a
ser contestado por alguns. E, após a narrativa finda, surge imagens
pós-creditos em que eles próprio se desmascaram. O personagem do Gethryn de
Scott possui laivos de dedução similares ao de Sherlock Holmes, enquanto a
engenhosidade demasiado azeitada da trama, ainda que em última instância pouco
crível, assemelhe-se a não poucas de Agatha Christie. Destaque para a, de
longe, mais interessante fala do filme, quando o personagem de Douglas afirma,
ao retrucar que quem eventualmente pusera a bomba no avião (ou seja, ele
próprio) seria louco, afirmando que “essa é a desculpa habitual que é dada para
o mal. Hitler seria louco, só que não necessariamente. O Mal existe.” Enquanto
expressão da maldade, a face de Douglas é bem mais fria que a de um ator como
Richard Widmark, ao empurrar alguém numa cadeira de rodas, por exemplo. E sua
reflexão sobre o mal bem mais fria e menos entusiasmada que a de um Joseph
Cotten no mais memorável A Sombra de uma
Dúvida (1943), de Hitchcock. E
quando a criança é suposta ser o seu próximo alvo, imagina-se até que ponto o
filme irá na descrição de seus crimes, não se importando em matar juntos
dezenas para atingir seu objetivo – pelas contas de Gethryn já teria sido mais
de cem pessoas. Último filme do profícuo ator teatral, do cinema mudo e idos do
falado, Brook. Filmado na Irlanda, onde Huston morava então. Joel Prod. para
Universal Pictures. 98 minutos.
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