Filme do Dia: Nha Fala (2002), Flora Gomes
Nha Fala (Portugal/França, 2002). Direção: Flora Gomes. Rot. Original:
Flora Gomes & Franck Moisnard. Fotografia: Edgar Moura. Música: Manu
Dibango. Montagem: Dominique Pâris. Dir.
de arte e Cenografia: Véronique Sacrez. Figurinos: Rosário Moreira &
Virginia Vogwill. Com: Fatou N’Diaye, Jean-Christophe Dollé, Ângelo Torres, Bia
Gomes, Jorge Quintino Biague, Carlos Imbombo, François Hadji-Lazaro, Danièle Evenou.
Vita (N’Diaye) é uma jovem guineense que recebeu
uma bolsa de estudos para Paris, não quer mais nada com o namorado Yano
(Torres) e recebeu o aviso da mãe (Gomes) que reza a tradição da família que
quem cantar morrerá. Em Paris Vita se enamora do produtor de discos e
musicólogo Pierre (Dollé), e sua canção se torna um dos maiores sucessos
europeus, rendendo-lhe muitos ganhos financeiros. Vita, no entanto, decide que
é hora de voltar para sua terra, morrer, para conseguir renascer sem mais a
ameaça da tradição.
Gomes, na chave leve de um musical – dir-se-ia
que seu documentário sobre a guerra As
Duas Faces da Guerra (2007), seria produto de outro realizador – toca em
temas como colonialismo, pós-colonialismo, tradição, modernidade e racismo sem
abdicar dos protocolos escapistas do gênero que não apenas optou, como
conseguiu extrair grande expressividade – quando se compara seus números
musicais com uma produção como Mamma Mia!, por exemplo, tem-se o achado que representa. Suas canções tocam em
pontos nevrálgicos da cultura nacional/transnacional que vivenciam também as
realidades de países periféricos sem obscurecer o universo de irrealidade
tipicamente musical que o filme não apenas abraça como igualmente traz em
termos de um “realismo fantástico” que com suavidade, vai além do “exotismo
para estrangeiro ver”. Sim, é verdade que as cores vibrantes das roupas estão
todas lá, assim como a dança, aqui malemolente, mas isso é fazer com que
elementos culturais locais se fundam com os do próprio gênero que dialoga. E a
forma com que o filme se depara com o fantástico é de uma simplicidade e
elegância que faz ver que a relação com a tradição não precisa ser de pura e
simples negação, mas de comunicação e compreensão de sua não literalidade
representada, sobretudo, pela morte simbólica de Vita (Vida). No momento que
inicia a transição de Vita para Paris há um número musical que todos cantam a
simpatia e a disponibilidade de Vita em suas vidas, numa leitura em que a
sutileza da ironia o torna próximo de um Demy: basta se virar a chave e se
poderia observar o oportunismo de todos para com ela, tal como, guardadas as
proporções, trabalhado por Dogville,
em que a docilidade mascara a conveniência aos seus propósitos. Os números
musicais são um achado à parte e seu diálogo com o realismo ou com temas
específicos muito distante de filmes como Dançando no Escuro (2000) ou A Fábrica de
Nada (2017). Destaque para o busto do herói nacional Amílcar Cabral que
ronda fantasmáticamente por quase todo o filme, enquanto reminiscência de uma
utopia não cumprida. Filmado em Cabo Verde, já que a Guiné Bissau ainda se
encontrava em guerra quando de sua produção.
Fado Filmes/Les Films de Mai/Samsa Film. 110 minutos.
please help me with a version of this movie that has english subtitles.
ResponderExcluiri dont´know about it...but try open subtitles...could have and put it in a download torrent of the movie
ResponderExcluirgostaria de saber onde posso encontrar uma cópia desse filme, atenciosamente nomadevideoarte@gmail.com
ResponderExcluirCar@ não saberia te dizer. acho que baixei ele piratex via Making Off, um site que você só entra por convite. talvez tenha também no tube. cópia oficial não sei dizer.
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