Filme do Dia: Sweet Sixteen in the Sixties (1979), Lionel Soukaz & Guy Hocquenghem
Sweet Sixteen in the Sixties (França, 1979).
Direção e Rot. Original: Lionel Soukaz & Guy Hocquenghem. Fotografia:
Lionel Soukaz. Com: Hunks Clements, François Dantchev, Philippe Veschi, Peter
Vlaspolder.
Ao contrário do segundo episódio (Des Annés Folles à l’ Extermination) de
sua obra dedicada ao centenário da homossexualidade, volta-se a fazer um uso
criativo da forma fílmica, em relação à época que se detém e também seu tema,
em diálogo igualmente com a história do cinema, para se desbravar a emblemática
década de 1960. O resultado, que parece ter um tom autiobiográfico, seja de um
alter-ego de um dos realizadores, ou de alguém próximo ou relativamente
“célebre”, não pode ser comprovado sem o auxílio à leituras externas as
próprias imagens, o que não será feito, ao menos por ora. Porém, mesmo sendo
menos convencional que o segundo episódio, é de longe menos interessante que o
primeiro (Les Temps de la Pose) e
talvez mesmo que o segundo, que ao menos faz um apanhado histórico mais
panorâmico. Aqui observamos o que seria a perspectiva retrô de alguém que
passou a viver sua juventude a partir do início da década de 60. Música pop e
liberação (homos)sexual ditam praticamente todas as imagens, em efeito de
colagem, em que se destacam fotos pornográficas e cenas de uma pretensa cena de
sexo grupal que evoca algo do clássico Scorpio Rising, de Anger. Não se duvida da honestidade de seu narrador, ao declarar
(através da voz over) que todas as comodidades conseguidas pelo mundo ocidental,
como meios de transporte fácil que permitiam alguém se deslocar com muita
facilidade pelas capitais parisienses e até cruzassem o Atlântico, pareciam
simples brinquedos à serviço do prazer e diversão desses afoitos jovens. Tudo,
como no filme de Anger, brindado pela melhor música pop do período, do qual não
faltam também várias referências fotógraficas de artstas e capas de discos,
evocando igualmente algo de kitsch na estética do momento. Não se
descura, no entanto, de um afastamento ocasional aqui ou acolá do que narram,
como a possiblidade de alguém achar uma década tola ou o comentário que era o
paraíso na terra para quem fosse loiro e branco, como se antecipasse a possível
crítica presente (e, sobretudo, futura) da abrangência desse “local de fala”.
Infelizmente a versão em questão encontra-se incompleta em seu final. 9
minutos.
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