Filme do Dia: São Paulo, Sinfonia da Metrópole (1929), Adalberto Kemeny & Rudolf Rex Lustig



São Paulo, A Sinfonia da Metrópole - 1929 | Filmow


São Paulo, Sinfonia da Metrópole (Brasil, 1929). Direção: Adalberto Kemeny & Rudolf Rex Lustig. Rot. Original: Adalberto Kemeny.
O título não deixa dúvidas. Tendo como modelo a mais célebre das sinfonias urbanas do cinema silencioso, Berlim, Sinfonia de uma Metrópole, de dois anos antes, o filme esboça algo de similar, sem conseguir cumpri-lo de todo. Se algo da rotina mais comezinha chega a ser captado, mesmo que sem o mesmo talento e poesia de seu contraparte alemão, assim como eventuais momentos em que o filme evoca sem peias seus colegas vanguardistas europeus (até mesmo o contemporâneo O Homem com a Câmera, o qual os realizadores certamente não haviam conhecido até então), sua verve conservadora, ausente na maior parte dos filmes do ciclo pelo mundo, é expressiva em vários momentos. Em dois deles, sobretudo. O que apresenta a colônia penal, modelo de regeneração, segundo os realizadores, e descrita pelo filme nos moldes dos presídios observados nos filmes norte-americanos da época. E, ainda mais, em sua incontinência patriótica final, que pretende ser uma representação visual do bordão da bandeira brasileira (“ordem e progresso”). Assim, o vanguardismo estilístico é algo apropriado enquanto adereço superficial de afirmação de uma modernidade que se apresenta enganosa ou, pelo menos, parcial, da forma como apresentada. E, se o filme também segue a proposta do de Ruttman, que também será copiado por vários outros, de simular um dia na metrópole, do amanhecer à noite, aqui, a determinado momento, não muito distante do início, esquece-se dessa premissa. Em sua versão original, constava, ao que parece, com quase 30 minutos a mais de filme. Destaque para sua insistência em voltar aos poucos “arranha-céus” paulistanos e não construídos, sobretudo o Martinelli. E também para a trucagem da mão que invade o centro de São Paulo, evocativa uma vez mais do filme de Vertov.  Rex Filmes. 63 minutos.

Comentários

  1. É documento histórico e raro do cotidiano da cidade de São Paulo. Deverá ser bem assistido e analisado num futuro ainda mais distante.

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  2. verdade! mas é uma construção, como todo documento...

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