Filme do Dia: O Capitão Bandeira contra o Doutor Moura Brasil (1971), Antônio Calmon
O Capitão Bandeira
contra o Doutor Moura Brasil (Brasil, 1971). Direção: Antônio Calmon. Rot.
Original: Antônio Calmon, a partir de argumento de Hugo Carvana. Fotografia:
Affono Beato. Música: Nelson Ângelo. Montagem: Nazareth Ohana. Figurinos: Vera
Barreto Leite & César Mazarotti.
Com: Cláudio Marzo, Hugo Carvana, Norma Bengell, Suzana de Moraes, Otávio
Augusto, Luís Carlos Miele, Black Power, Maria Gladys, Vinícius Salvatori,
Paulo César Pereio, John Herbert, Rose Lacreta, Sônia Braga, Wilson Grey.
Empresário
de sucesso (Marzo) é assombrado em seus sonhos pela fantasmática figura do
Doutor Moura Brasil. É internado em manicômio, perdendo sua mulher (Moraes) e
sendo incentivado por seu melhor amigo (Carvana) a não afundar de vez na
depressão e cometer o suicídio.
Esse
compósito de tudo que era explorado em termos temáticos e estilísticos por um
cinema de viés mais autoral soa cansativo por sua excessiva dispersão e
auto-indulgência. Embora não seja exatamente uma produção que pode ser
vinculada ao Cinema Marginal, é justamente com ele que o filme mais dialoga,
seja em seu tom por vezes desesperado, por vezes meramente anárquico e
antropofágico na trilha de Sganzerla –sendo que Calmon, que havia sido
assistente de Gláuber, não deixa de fazer referências paródicas-antropofágicas
seja a Deus e o Diabo na Terra do Sol
ou O Dragão da Maldade contra o SantoGuerreiro. Porém, tampouco esquece Bressane (através de uma estilização das
mortes e tiros semelhante a Matou a Família e foi ao Cinema). Para completar,
piscadelas anti-imperialistas, cacoetes que estavam sendo utilizados à
exaustão no período como o do transbordamento do que está sendo filmado para a
própria produção, amor livre, referencias ao movimento hippie, trilha musical com os artistas mais em voga no momento como
Mutantes e não faltando o tema musical de Roberto Carlos, sendo aqui O Jardim a canção por excelência. Dessa
salada pop (des) pretensiosa com belíssima fotografia em p&b e a cores,
acaba não restando a consistência seja das melhores obras do Cinema Marginal ou
do Cinema Novo, sendo na maior parte tão datada quanto as gírias utilizadas
pelos personagens. Calmon, por sua vez, desistiria de vez de qualquer rumo
autoral e se aproximaria cada vez mais de um cinema de forte apelo comercial
com Menino do Rio. Entre os inúmeros
atores que fazem pequenas participações, detalhe para uma Sônia Briga raras
vezes filmada tão bela, sensual e jovem. Realizado no auge do momento “galã” de
Marzo, que foi um dos produtores do filme. Carvalho, outro dos co-produtores,
dirigiu a segunda das diversas adaptações de Nélson Rodrigues para o cinema, Bonitinha, mas Ordinária (1963). J.P.
Prod. Cinematográficas/Promoções Artísticas Cláudio Marzo/Tropico. 80 minutos.
Que título! Podia ser uma paródia de super-herói. Dr. Moura auxiliado pelo Mestre Ray Ban
ResponderExcluirhahaha...
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