Filme do Dia: Spotlight: Segredos Revelados (2015), Tom McCarthy
Spotlight: Segredos
Revelados (Spotlight, EUA, 2015).
Direção: Tom McCarthy. Rot. Original: Josh Singer & Tom McCarthy.
Fotografia: Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John
Slattery, Brian d’Arcy James, Stanley Tucci, Jamey Sheridan, Neal Huff, Billy
Crudup.
2001. Após
ter sido comprador pelo The New York Times, a equipe do Boston Globe, sobretudo
Mike Rezendes (Ruffalo), Robby Robinson (Keaton) e Sacha Pfeiffer (McAdams) é
incentivada por um novo editor, Marty Baron (Schreiber) a investigar os casos
de abusos sexuais de menores envolvendo padres católicos, algo relatado desde
meados dos anos 70, mas nunca de fato investigado. Aos poucos a investigação
vai levando não somente a casos isolados, 13 inicialmente, depois 70, apenas na
área de Boston, mas a descoberta, referendando os dados de um pesquisador, de
que cerca de 6% do clero ser pedófilo.
Segue, sem
maiores inovações, a trilha de filmes que reproduzem investigações
jornalísticas mais duradouras, sendo o exemplo mais célebre, provavelmente, Todos os Homens do Presidente.
Refratário a qualquer outro aprofundamento que não os dos bastidores da
investigação, com todos os seus obstáculos e tentativas de se abafar o caso, o
filme investe no habitual processo de identificação de seus personagens
principais, ainda que bem menos que os habituais blockbusters de ação ou ficção-científica. E os poucos relatos
pioneiros de denúncias de vítimas, geralmente de perfil economicamente
vulnerável e menos disposto a expor publicamente o que houve, tampouco são minimamente
envolventes. A seu favor há a consciência da existência de um pacto social
não formalizado para que tais revelações não viessem à tona anteriormente, algo
que incluía o próprio universo do jornalismo, sendo que mesmo Robinson admite,
próximo ao final, ter deixado de lado uma denúncia que já envolvia 20 padres,
número maior do que o patamar inicial de investigação. Ou seja, aposta-se menos
na figura de um heroísmo irrestrito que de dedicação, profissionalismo e um
novo contexto, capaz de observar com maior estranhamento e naturalizar menos o
episódio. Embora se trate de um furo jornalístico que provocou uma reação em
cadeia não apenas nos Estados Unidos como no mundo todo – duas cidades
brasileiras surgem dentre as dezenas em que foi admitida a prática não isolada
de pedofilia por parte de membros da Igreja – ironicamente ele não se dá, como
no filme de Pakula, a partir de um episódio desconhecido, mas que já havia sido
motivo de vários artigos do próprio jornal em questão. E, sem dúvida, o assunto ter se tornado pauta com
regularidade nos telejornais e o
surgimento de filmes como Philomena
e O Clube, mesmo o primeiro não
sendo exatamente sobre o tema, idem. Seu
afã de ser bastante detalhado na sua representação dos bastidores da
investigação somado a postura dramática acima referida, menos envolvente e
permeável as convenções dos filmes de gênero convencionais, tornam-o cansativo
em sua metragem tampouco tímida. Destaque para o elenco como um todo, como é o
caso de Keaton, McAdams, Schreiber, Tucci e, dentro de uma chave de
caracterização mais empostada em seu naturalismo mimético, Ruffalo. Anonymous
Content/First Look Media/Participant Media/Rocklin-Faust para Open Road Films.
128 minutos.
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