Filme do Dia: Meu Querido Companheiro (1989), Norman René


Poster do filme Meu Querido Companheiro
Meu Querido Companheiro (Longtime Companion, EUA, 1989). Direção: Norman René. Rot. Original: Craig Lucas. Fotografia: Tony C. Jannelli. Música: Greg De Belles. Montagem: Katherine Wenning. Dir. de arte: Andrew Jackness & Ruth Ammon. Cenografia: Kate Conklin. Figurinos: Walter Hicklin. Com: Campbell Scott, John Dossett, Bruce Davinson, Mark Lamos, Patrick Cassidy, Mary-Louise Parker, Welker White, Dermot Mulroney, Michael Schoeffling, Brian Cousins, Stephen Caffrey.
A epidemia de AIDS começa a ser divulgada a partir de um artigo no The New York Times provocando medo e apreensão em um grupo de gays de classe média que frequentam Fire Island e, em maior ou menor grau, possuem um estilo de vida hedonista, já que não se sabe ainda exatamente como se dá o contágio da doença. Ela afeta diretamente John (Mulroney), o primeiro a morrer do grupo. Mas também o companheiro de David (Davison), Sean (Lamos), que passa a cuidar dele com afinco.
Um dos primeiros filmes a ter alguma circulação internacional norte-americanos a tematizar a AIDS e seus efeitos, depois que produções de cunho ainda mais independente e restrito como Buddies (1985), de Arthur J. Bressan Jr., o havia feito e antes que Filadélfia (1994), de Demme, fosse a primeira produção hollywoodiana de um grande estúdio a enfrentar o tema. Trata-se de um retrato algo coletivo em que sua coralidade não parece se encontrar exatamente bem resolvida, existindo demasiados personagens e subtramas, todas acompanhadas com a mesma superficialidade das soap operas apresentadas na tv, aliás de estilo não muito distinto – por duas razões: primeiro, por terem sido produzidas pela própria equipe do filme; depois o estilo visual do filme não é muito distinto do televisivo. Interpretações de medianas e fracas, com exceção provavelmente de Davinson em um filme que traz para a ribalta a relativa morte social que acompanha os primeiros pacientes da doença, enfrentando o preconceito no próprio mundo gay, que ao final se transforma em uma rede de assistência e solidariedade, cujo caso exemplar é o do protagonista, se assim pode ser chamado, Willy de Campbell Scott, que de observador preocupado em se contaminar com Sean, torna-se um dos oradores mais enfáticos após a morte de David, seu companheiro, que parece ter lhe incutido a preocupação para além de si próprio e com o corpo. Afinal, enquanto instrutor de academia, o corpo doente representa justamente o oposto do que ele lida diariamente ou ao menos lidava, já que finda se tornando voluntário de uma rede de assistência aos enfermos. Embora o individualismo conservador da Era Reagan seja explicitamente ou mais discretamente alfinetado, a depender do momento, talvez a melhor provocação do filme diga respeito aà própria indústria do audiovisual, com um ator afirmando que a aclamação de William Hurt (em O Beijo da Mulher Aranha) somente se deu por todos saberem que ele de fato não era gay, o que voltaria a ser verdade em Filadélfia, não sendo  curiosamente o próprio filme de René, morto como Bressan Jr. no auge da epidemia, uma exceção à regra. American Playhouse/Companion Prod./The Samuel Goldwyn Co. para The Samuel Goldwyn Co. 96 minutos.

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