Filme do Dia: Coucher de la mariée (1896), Albert Kirchner
Coucher de la
Mariée (França, 1896). Direção: Albert Kirchner.
Diversos elementos
chamam a atenção nessa produção que é a única conhecida a ser dirigida pelo
referido realizador. Primeiro, a sua muito longeva duração, tendo em mente que
os filmes contemporâneos raramente alcançavam um minuto – o que demonstrava a
possibilidade de um rolo de filme durar mais que o habitual, sem que
aparentemente o caso aqui tenha sido de uma trucagem reunindo planos distintos
em um mesmo quadro e procurando obscurecer o corte. Depois, a sua aparente
pretensão erótica, mesmo negada por alguns comentadores, com o homem inclusive
se escondendo por trás de um biombo, numa situação que provocaria um paralelo
com o próprio espectador masculino e antecipando um mote que seria explorado
eficazmente pela pornografia explícita, ao menos desde os anos 1920. Assim como
por alguns gestos da mulher massageando levemente seu próprio corpo, pela
situação simulada (a de um casal em seu primeiro contato íntimo pós-bodas) e
pela brincadeira do cobre-descobre da infinidade de peças de um strip-tease que
nem de longe chega a sua conclusão. Por fim, faz parte de um ciclo de filmes
que compreende outras quatro produções, todas de 1899, antecipando a lógica do filme em série que somente se
tornará uma prática comum no cinema muito depois, já na década de 1910.
Destaque para os constantes gestos dos dois, mas sobretudo da mulher, em
direção à câmera/público, cacoete que acompanhará o filme encenado em maior ou
menor grau – como é o caso dos filmes da Escola de Brighton - até os primórdios
do cinema narrativo, quando ficará mais restrito a certas convenções genéricas.
Pathé Frères. 3 minutos e 8 segundos.
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