Filme do Dia: Lonesome Lenny (1946), Tex Avery




 Lonesome Lenny (EUA, 1946). Direção: Tex Avery. Rot. Original: Heck Allen. Música: Scott Bradley.


Nesse curta em que uma madame presenteia seu cachorro com um esquilo de estimação, o que menos importa é o enredo em si, mas sim a completa anarquia irreverente e gozadora com o próprio universo da animação que parece chegar a patamares muito além do habitual, até mesmo em se tratando de Avery. Diversos são os momentos antológicos, desde a presença do Lobo janota que praticamente foi o destaque na carreira inicial do realizador, aqui numa ponta e vestido a caráter como sempre, como um dos animais de estimação da loja até a ensandecida perseguição do cachorro ao esquilo que acaba somando diversos outros elementos estranhos a ação como um elefante e um casal humano, sendo que o próprio esquilo comenta com o espectador, a  determinado momento, o quanto tudo aquilo é maluco, antecipando em décadas o humor de Apertem os Cintos...O Piloto Sumiu. Noutro momento, cachorro e esquilo interrompem a ação para uma pausa para o lanche. Noutro, num evidente escracho misógino, logo ao início, o esquilo se aterroriza com o rosto da sua compradora. E, no talvez mais inesperadamente surrealista de todos os momentos, o esquilo investiga a pesada luva de boxe em que acabara de ser espancado e descobre não apenas quatro ferraduras, mas um cavalo inteiro! Para completar, o esquilo (em sua última animação, ele próprio uma personagem em nada diverso do sarcasmo sádico de Pernalonga, principalmente logo ao início) torna-se, efetivamente, o bichinho de estimação do cachorro, objeto da carência afetiva daquele, não sem antes apontar mais uma plaquinha em que faz menção ao triste final. Uma das obras-primas do realizador. MGM. 7 minutos e 43 segundos.

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