Filme do Dia: Aprile (1998), Nanni Moretti
Aprile (Aprile,
Itália/França, 1998). Direção e Rot. Original: Nanni Moretti. Fotografia:
Guiseppe Lanci. Música: Nicola Piovani. Montagem: Angelo Nicolini. Dir. de
arte: Marta Maffucci. Com: Nanni
Moretti, Silvio Orlando, Daniele
Luchetti, Andrea Molaioli, Agata Apicella Moretti, Pietro Moretti, Silvia Nono.
O cineasta Nanni Moretti (Moretti) se encontra
disposto a filmar um documentário sobre eleições que ocorrerão, em abril de 1990, na Itália. Porém, ao mesmo
tempo sonha em dirigir um musical com confeiteiros dançando canções
stalinistas. Chega a chamar o ator Silvio Orlando (Orlando) para ser um dos
protagonistas, mas desiste já no momento de preparação para as primeiras
tomadas. Não desenvolve nem um projeto nem outro. Novas eleições se aproximam e
agora Moretti pretende filmar comícios. No ínterim entre uma eleição e outra,
ele escolhe o nome do futuro filho, trabalha em seus recortes e visita
refugiados albaneses que chegam à Itália e o set de um comercial dirigido por
Daniele Luchetti (Luchetti). Com o nascimento do filho, novamente em abril,
todos os projetos profissionais são relegados a segundo plano. Mesmo assim,
comanda à distância a filmagem de um comício em Veneza. Sentindo a dificuldade
de expressar-se politicamente na Itália, viaja para a Inglaterra, onde faz seu
discurso no tradicional local reservado do Hyde Park. No final, Moretti começa
a dirigir o tão adiado musical stalinista, com Orlando.
Moretti
segue, ainda mais determinadamente, a proposta de Caro Diário, procurando apresentar seu cotidiano, a realidade
italiana e o seu universo simbólico. Sua busca de retratar dramaticamente o
universo que o rodeia, com pretensões de realismo semi-documental, pode ser
visto como original e ousada, e menos passível de identificação fácil que, por
exemplo, o trabalho de cineastas de destaque semelhante ao dele, no panorama do
cinema italiano contemporâneo, como Benigni e Nichetti. Por outro lado, o
falseamento da realidade se torna óbvio, quando sabemos que, embora utilizando
os próprios amigos e mulher como atores, as situações são convencionalmente
ensaiadas. Caso assim não o fosse, provavelmente a reação de seu produtor
quando ele desistiu de um projeto apenas por sentir que não estava no momento
certo de realizá-lo, já no set de filmagem, seria bem menos paciente. O
resultado, no final das contas, é bem menos interessante que o do filme
anterior, mesmo que sua estrutura, apoiada em sketches intitulados com banalidades ou excentricidades do
cineasta, seja envolvente. Le Studio
Canal+/ La Sept Cinéma/Les Films Alain Sarde/RAI/Sacher Film/BAC Films. 78 minutos.
Parabéns por se dedicar a esse belo trabalho. A fé na humanidade tem continuidade justamente por exemplos como o teu.
ResponderExcluirMuito obrigado. esse teu comentário é um tanto superlativo, mas agradeço de coração.
ResponderExcluir