Filme do Dia: A Embriaguez do Sucesso (1957), Alexander Mackendrick


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A Embriaguez do Sucesso (The Sweet Smell of Success, EUA, 1957). Direção: Alexander Mackendrick. Rot. Adaptado: Clifford Odets & Ernest Lehman, a partir do conto de Lehman. Fotografia: James Wong Howe. Música: Elmer Bernstein. Montagem: Edward Carrere. Cenografia: Edward G. Boyle. Figurinos: Mary Grant. Com: Tony Curtis, Burt Lancaster, Susan Harrison, Martin Milner, Jeff Donnell, Sam Levene, Joe Frisco, Barbara Nichols.
O prestigioso e inescrupuloso colunista social J.J.Hunsecker (Lancaster) busca a ajuda de seu ainda mais inescrupuloso cupincha, Sidney Falco (Curtis), para afastar o músico de jazz, Dallas (Milner), da irmã de J.J., a emocionalmente vulnerável Susan (Harrison). Esse planta uma calúnia a respeito de Dallas fazer uso de maconha e ser comunista, a partir de um colunista rival de J.J., para não levantar suspeitas por parte da irmã. Não satisfeito com o estrago à imagem de Dallas, Falco ainda simula a posse da droga por parte do músico, deixando-a em seu casaco. Enquanto, num acesso de megalomania, comemora o seu sucesso, Falco recebe uma chamada de telefone afirmando que J.J. quer falar com ele em sua residência. Lá encontra uma Susan em estado de depressão suicida. Ele a salva da morte, mas ao invés da recompensa de seu ídolo, é esbofeteado por esse, que liga para acusa-lo de tentativa de sedução da irmã, assim como de ter plantado falsamente acusações contra o músico. Tarde demais, pois Susan decide deixar de morar com o irmão.
Considerado por muitos como a obra-prima de Mackendrick, cineasta mais associado ao cinema, e particularmente a comédia, britânicos, ainda que americano e repleto de um time de grandes talentos que vão do lendário fotógrafo ao músico Bernstein, passando pelo escritor Odets, o filme talvez seja mais interessante pela elaboração de alguns personagens – sobretudo o assexuado e incestuoso J.J. de Lancaster mais que o equivalente angry young man britânico e alpinista social de Curtis, algo antecipador do protagonista de Almas em Leilão, filme considerado como um dos marcos iniciais do kitchen sink britânico. À perfídia de determinados círculos sociais mundanos e elitizados de filmes de coloração melodramática mais tradicional tais como A Malvada, o filme acrescenta aos espirituosos e cortantes diálogos uma bossa mais cínica do estilo cobra-comendo-cobra, assim como o jazz, mais afinado com certo tom cool e anti-sentimental do filme. Porém à parte toda a inescrupulosidade resiste um óasis de sentimentos menos maculados representado pelo jovem casal. Nervoso e frenético tal como o personagem de Falco, o filme finda com um inconvincente desfecho que pretende que a relação doentia de dependência de Susie em relação ao irmão se desfaça simplesmente com uma saída triunfal de efeito, que deixa o irmão tão atônito que não seria exagero imagina-lo a reviver o ato ensandecido da irmã pouco depois da narrativa finda. Seu cinismo desesperançado, mesmo para os padrões do cinema noir, pode ser observado como uma faca de dois gumes. Produzido por Lancaster, a partir de um novo sistema de produção que iria se tornar imperante em pouco tempo. National Film Registry em 1993. Norma Prod./Curtleigh Prod./Hill-Hecth-Lancaster Prod. para United Artists. 96 minutos.


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