Filme do Dia: Bambi (1942), David Hand


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Bambi (EUA, 1942). Direção: David Hand. Rot.Adaptado: Perce Pearce, Larry Morey, Vernon Stallings, Mervin Shaw, Carl Fallberg, Chuck Couch & Ralph Wright, baseado no conto de Felix Salten. Música: Edward H.Plumb. Dir. de arte: Tom Codrick, Robert Cormack, Lloyd Harting, David Hilberman, John Hubley, Dick Kelsey, McLaren Stewart & Al Zinnen.
Numa floresta paradisíaca, Bambi nasce cercado de mimos e amado por todos da floresta. Sua relação é somente com sua mãe, seu pai vivendo isolado e respeitado por todos no alto de um penhasco. Bambi aos poucos reconhece as condições naturais, assim como a peculiaridade de cada uma das estações. A neve do inverno, assim como posteriormente a descoberta do amor na primavera. Antes disso, no entanto, sofrerá a perda brutal de sua mãe por um caçador, situação que quase novamente se repete com sua amada, salva de última hora por ele, a custo de também sofrer um balaço e ser acudido por seu pai.
Animação do auge do classicismo disneyano, com todas as virtudes e limitações inerentes ao mesmo. As últimas dizem respeito ao famigerado efeito de docilização, auxiliado grandemente por sua melosa trilha musical, de todo um universo em harmonia que acompanha por mais de meia hora à narrativa, centrada somente na magnificência da qualidade de sua animação, de imagem algo vaporosa, que pretende reproduzir a umidade da floresta, já que inexiste propriamente qualquer conflito dramático. Trata-se de uma descrição um tanto vagarosa do cotidiano da floresta, sendo que sua ausência de narrativa dramática convencional, e até mesmo de uma maior freqüência de diálogos, não pode contar aqui com a aberta dimensão mais abstrata de Fantasia (1940), portanto nem engrenando de fato uma narrativa, nem apelando para a magia das abstrações visuais daquele. Não que esse conflito dramático venha a ser  de todo posto, mas existem pontuações dramáticas em meio a tanta calmaria,  sendo o primeiro e mais trágico a morte da mãe de Bambi por um caçador. E evidentemente o fato dele conseguir salvar sua amada do mesmo fim que teve sua mãe - morte essa singularmente bastante desdramatizada e não sendo sequer entrevista – aponta para uma superação de suas frustrações edipianas, ou pelo menos como consolo, já que agora sinalizará para uma liderança não mais isolada como a de seu pai, mas ao lado de sua amada, num aceno para um patriarcalismo menos rígido. Começou a ser planejado em 1936 como segundo longa do estúdio, mas acabou se tornando o sexto, não tendo grande aceitação de público na época de seu lançamento e provocando um agravamento nas finanças já combalidas do mesmo, que só voltaria a lançar outro longa oito anos após, com Cinderella. Dedicado a Sidney J. Franklin, autor do projeto original, de 1933, que previa a mescla de animação e ação ao vivo. Walt Disney Prod. para RKO Radio Pictures. 70 minutos.

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