Filme do Dia: O Direito do Mais Forte (1975), Rainer Werner Fassbinder


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O Direito do Mais Forte (Faustrecht der Freiheit, Al. Ocidental, 1975). Direção: Rainer Werner Fassbinder. Rot. Original: Rainer Werner Fassbinder & Christian Hohoff. Fotografia: Michael Ballhaus. Música: Peer Raben. Montagem: Thea Eymesz. Dir. de arte: Kurt Raab. Figurinos: Helga Kempke. Com: Rainer Werner Fassbinder, Peter Chatel, Karlheinz Böhm, Adrian Hoven, Christiane Maybach, Harry Baer, Hans Zander, Kurt Raab, Rudolf Lenz, Karl Scheydt, Peter Kern.
Franz Biberkopf (Fassbinder), conhecido como Fox,  é um proletário que, sem dinheiro para jogar na loteria, decide sair com Max (Böhn). Ele ganha na loteria e conhece um casal de amigos próximos a Max, apaixonando-se pelo sofisticado Eugen (Chatel). Fox faz um empréstimo a família de Eugen, proprietária de uma editora que passa por dificuldades financeiras. Fox resolve terminar sua relação com Eugen, cansado das constantes humilhações relacionados a sua formação cultural diferenciada e, posteriormente, pela absoluta frieza com que Eugen passa a trata-lo. Porém, como havia provocado um erro que havia custado bastante dinheiro na gráfica da editora, Fox não apenas não recebe o seu empréstimo de volta, como ainda perde o luxuoso apartamento, que se encontrava no nome de Eugen, que retorna ao antigo amante. Resta a Franz voltar à casa da irmã alcóolatra, mas sendo maltratado por ela termina se suicidando em uma estação de metrô.
Fassbinder ao assumir para si o papel central do filme sinalizou não apenas para a importância assumida – no eixo tanto pessoal, como igualmente social e econômico – da representação de Biberkopf, personagem-título do romance Berlin Alexanderplatz, que logo viria a adaptar para a TV para a sua obra como um todo. Algo que já vinha sendo esboçado em outras produções anteriores, tendo sempre como mote a vinculação das relações afetivas a questão do poder e, explicitamente, dinheiro. O tratamento visual bastante inusitado que acompanha o filme em seu início, segue-se as habituais tomadas a partir de um observador da cena, seja do corrimão de uma escada ou do lado de fora do aposento. Ballhaus, mesmo efetuando alguns virtuosos movimentos de câmera em longos planos-sequencias ainda realiza um trabalho de câmera mais comedido que o de Roleta Chinesa. O anti-naturalismo com que o elenco, habitual por então nas produções do realizador, atua, assim como alguns diálogos completamente inusitados são mais do que evocativos do momento inicial da carreira do realizador. Há algo que beira a caricatura na forma com a qual o cineasta apresenta, de maneira sucinta e didática, o término da relação de Fox com seu amante e sua subsequente degradação a um nível pior do que se encontrava antes de seu flete com os ricos burgueses, assim como a contraposição de sua afetação à simplicidade de Biberkopf,  levando à sua espoliação completa, inclusive enquanto cadáver – todos os seus objetos de mínimo valor são roubados por um grupo de crianças. City Film/Tango Film. 123 minutos.

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