Filme do Dia: Toda Forma de Amor (2010), Mike Mills
Toda Forma de Amor (Beginners, EUA, 2010). Direção e Rot.
Original: Mike Mills. Fotografia: Kasper Tuxen. Música: Roger Neill, Dave
Palmer & Brian Reitzell. Montagem: Olivier Bouge Cotté. Dir. de arte: Shane
Valentino. Cenografia: Coryander Friend. Figurinos: Jennifer Johnson. Com: Ewan
McGregor, Christopher Plummer, Mélanie Laurent, Goran Visnjic, Kai Lennox, Mary
Page Keller, Keegan Boos, China Shavers.
Oliver
(McGregor) se aproxima dos 40 e não consegue manter nenhuma relação estável.
Sua mãe se suicidou e seu pai, Hal (Plummer) viveu sua homossexualidade na
clandestinidade até a morte da mulher, Georgia (Keller). Diagnosticado com
câncer terminal, Hal vive uma relação com Andy (Visnjic), no tempo que lhe
resta. Após sua morte, Oliver tenta estabelecer uma relação com Anna (Laurent),
que conhece numa festa e vive em um hotel.
Como
boa parte do que busca se aproximar do universo sensível de seus personagens
retratados, esse filme é um arrastado exercício de autocondescendência, cujo
sentimentalismo algo envergonhado procura ser disfarçado através de um
protagonista semi-catatônico e incursões em um estilismo vazio derivativo talvez um tanto de Allen mas igualmente de uma bossa pós-modernista associada a representação
da subjetividade. Assim, muitas vezes – talvez ao ponto da exaustão – Oliver
evoca épocas passadas, como quando seu pai nasceu ou se casou, a partir de
fotos dos presidentes norte-americanos então no poder, filmes ou imagens
canônicas sobre algum tema, como é o caso dos homens levados a uma viatura
policial por práticas obscenas em banheiros públicos ou fotografias algo
aleatórias ou marcantes de determinado período. Porém se não consegue
desenvolver a relação vivenciada por Oliver no momento presente da narrativa,
tampouco seus paralelos com as imagens paterna e materna, que servem como
esteio de um psicologismo tampouco verbalizado ou apresentado de forma
demasiado didática muito menos se tem qualquer aprofundamento no personagem do
pai. O resultado final, com suas idas e vindas do casal, assim como entre
passado e presente, digressões subjetivas e ações realistas, não vai muito além
de qualquer série mediana um pouco mais sofisticada. Talvez um indício da
extrema superficialidade do filme seja justamente se apoiar em material
midiático como uma cápsula do tempo capaz de trazer de volta como tais pessoas
teriam vivido, sentido ou se relacionado. É de um esquematismo atroz, sobrando
talvez de positivo a melancolia que acompanha Oliver do início ao final, por
mais que o final – com a aparição do próprio título – sugira algo como o
encerramento de um luto que parecia tê-lo acompanhado desde sempre, inclusive
bem representado pelas mortes simbólicas ou os constrangimentos sociais que a
mãe lhe impunha. Que ele busque a repetição com uma figura tampouco equilibrada
para experimento enquanto companheira e até mesmo desloque para ela a função
que lhe fora designada pela mãe de orientar o traçado que fará no carro até
chegar a casa dela ou se vestir como o próprio Freud em uma festa à fantasia é
apenas um pulo. Suas tintas autobiográficas são evidentes, inclusive na figura
de McGregor, não tão distante assim em termos de aparência física e mesmo
idade. Olympus Pictures/Northwood Prod. para Focus Features Int. 105 minutos.
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