Filme do Dia: Condenados pelo Progresso (1962), Carlos Alberto de Souza Barros
Condenados pelo Progresso (Brasil, 1962). Direção: Carlos
Alberto de Souza Barros. Fotografia: Manuel P. Ribeiro & José A. Mauro. Montagem:
Lúcio Braun.
No ocaso da própria instituição estatal que o produziu, esse
curta fala sobre o absurdo ônus econômico para o país das linhas férreas. A
partir do exemplo de Virajaba, no então estado da Guanabara, parte-se para
cifras que apontam o Brasil como o país com o sistema ferroviário mais
deficitário do mundo. Ainda que as imagens de uma realidade prosaica ao início
sugiram alguma aproximação com os curtas dirigidas por Humberto Mauro para a
instituição, aqui o viés é notadamente econômico, sendo o curta destituído da
veia poética que norteava os temas folclóricos dos filmes de Mauro. Dentro de
um contexto de marcado incentivo da indústria automobilística como associação
com o progresso, observa-se o ocaso das ferrovias não com o viés de nostalgia
precoce que o título equivocadamente sugere, mas com números e estatísticas, no
que parece ser uma associação que historicamente demonstrará seu equívoco ao
“jogar não apenas a água suja, mas também o bebê junto”, ou seja, prescrever a
simples extinção gradual do sistema ferroviário em termos de uma “obsolência”
da qual ele próprio é acusado de culpa. Numa das situações mais curiosas,
investe-se em planos que detalham o mobiliário antigo da estação ferroviária e
não se reserva uma linha sequer da narração over
que acompanha a metragem do início ao final ao funcionário que dela toma
conta e é visto em mais de uma dezena de planos. INCE. 11 minutos.
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