Filme do Dia: A Bruxa de Blair (1999), Daniel Myrick & Eduardo Sánchez
A Bruxa de
Blair (The Blair Witch Project,
EUA,1999). Direção: Daniel Myrick & Eduardo Sánchez. Rot. Original: Daniel Myrick
& Eduardo Sánchez.. Fotografia: Neal Fredericks. Música: Tony Cora.
Montagem: Daniel Myrick & Eduardo
Sánchez. Dir. de arte: Ben Rock & Ricardo Moreno. Com: Heather Donahue, Michael C.
Williams, Joshua Leonard, Sandra Sánchez,
Ed Swanson, Patricia Decou.
A jovem Heather Donahue (Donahue) convence dois
amigos, Michael Williams (Williams) e Joshua Leonard (Leonard) a partirem para
a cidadezinha de Blair, onde existe uma lenda
sobre a existência de uma bruxa que assassina pessoas da região. Após
uma série de entrevistas com gente local, inclusive com uma mulher que é tida
como louca, que afirma ter visto a bruxa, eles resolvem acampar na floresta, onde
se diz ter sido o local das aparições da bruxa. Nas primeiras noites escutam
ruídos estranhos. Os ruídos retornam na noite seguinte, assim como a aparição
de pilhas de pedras próximo à barraca. Assustados, a situação piora quando
Williams perde o mapa em que aparentemente se guiavam e brigas começam a surgir
pelo motivo de Heather e Leonard desejarem filmar tudo, inclusive os momentos
de desespero um do outro. Encontram uma série de “artefatos” feitos com galhos,
pendurados nas árvores. Perdidos, cansados e esfomeados, a situação piora com o
desaparecimento de Joshua. Escutando gritos que parecem vir dele, vão até uma
casa abandonada, onde Heather entrevisa Michael contra a parede, antes de
também ser atingida por algo e derrubar a câmera, que trava.
Iniciando
com uma explicação de que o material que será visto foi encontrado e trata-se
de um documentário que seria realizado por três jovens, desaparecidos desde
então, o filme entra na linha do “falso documentário”, o que não é nenhuma
novidade, no sentido de que já foi explorado de forma bem mais interessante em
filmes como Cidadão Kane (1941) de Welles e Zelig (1983), de
Woody Allen. Para auxiliar na verossimilhança do falso documentário existe
tanto a precariedade da produção - filmada em vídeo e 16 mm, com pouco dinheiro e um trabalho nada ágil de
câmera na mão - quanto o fato dos atores usarem seu nomes reais, sendo esse
último dado nada estranho a boa parte do cinema autoral europeu. Porém tanto a
efetivação do “pacto de verossimilhança” de acreditarmos ser um documentário
como qualquer elaboração de uma relação mais sofisticada entre a realidade e o
cinema - como vem sendo explorada em diversas produções recentes, seja no
cinema iraniano ou em filmes como Aprile (1998), de Nanni Moretti, que
também segue o ritmo de um falso documentário - caem por terra com a ingenuidade
e falta de propósito do filme. Assim, o mote de que se tratam de filmagens
encontradas após o desaparecimento dos jovens e como que retratando fielmente o
que ocorreu nos dias de terror na floresta não se refere a esse material ter
sido editado posteriormente, para ficar na forma em que ficou. Como a estrutura
do filme se prende a essa tola tentativa de apresentar tudo como cenas filmadas
de um documentário, a narrativa tem que se deter aos momentos em que os jovens
filmam uns aos outros e sem qualquer leve esperança de verossimilitude, nos
momentos de terror, fome e cansaço, em que não largam nunca a câmera. Haxan
Films. 80 minutos.
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