Filme do Dia: Pour le Mistral (1965), Joris Ivens
Pour le Mistral
(França, 1965). Direção: Joris Ivens. Rot. Original: René Guyonnet & Joris Ivens. Fotografia: Gilbert Duhalde, André Dumaître &
Pierre Lhomme. Música: Antoine Duhamel & Luc Ferrari.
Documentário
curto em que Ivens explora de forma poética os efeitos do Mistral, o famoso
vento que sopra do Vale do Rhône para o Mediterrâneo, sobre homens, plantas e
animais. Mesmo que, a determinado e breve momento, o filme se interesse mais
aproximadamente por uma descrição social dos mais necessitados na região, evidentemente
os que também mais sofrem com os efeitos do vento, o filme se aproxima mais de
uma visão panorâmica como a presente no mais célebre filme de Ivens, Chuva (1929). Sendo que aqui, ao
contrário daquele, não se busca retratar o efeito da chuva sobre um dia na
cidade e o estilo já parece bem mais domesticado. De uma maneira geral, Ivens
parece se manter incólume em relação às novas tendências do documentário
moderno. Narrado e com sequências encenadas para a câmera o uso de foto fixa
com efeitos jocosos – sobre o efeito do vento em uma série de transeuntes,
sendo que a foto fixa serve para cristalizar um movimento em curso dos mesmos –
parece se aproximar perigosamente dos cacoetes da Nouvelle Vague, algo talvez ainda mais ressaltado por conta da
trilha musical assinada por Duhamel (responsável por trilhas para Truffaut,
Godard e Tony Richardson, dentre outros, no período). Filmado em
preto&branco e cores (da metade para o final) possui momentos de grande
beleza, como o do planador sobrevoando as montanhas da região. É curioso
observar ao longo da carreira do realizador filmes de caráter mais “pastoral”
como esses com outros mais diretamente focados em temas políticos. Prêmio de
melhor documentário em Veneza. CECRT.
31 minutos.
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