Filme do Dia: O Médico e o Monstro (1920), John S. Robertson
O Médico e O Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde, EUA, 1920).
Direção: John S. Robertson. Rot. Adaptado: Clara Beranger baseado no romance de
Robert Louis Stevenson. Fotografia: Roy F. Overbaugh. Dir. de arte: Robert M.
Haas & Clark Robinson. Cenografia:
Charles O. Seessel. Com: John Barrymore, Charles Lane, Brandon Hurst, Cecil
Clovely, Nita Naldi, Martha Mansfield, George Stevens, J. Malcolm Dunn.
O
caridoso e reconhecido médico Dr. Jekyll (Barrymore) investe em suas pouco
ortodoxas teorias que irritam o colega conservador, Dr. Richard Lanyon (Lane). Enquanto isso a filha
do aristrocrata Sir George Carew (Hurst), Millicent (Mansfield), sente-se
motivo de pouca ou nenhuma atenção do médico. Jekyll consegue obter uma fórmula
secreta em que se transforma no malévolo Hyde, explorando a cantora de
vaudeville Gina (Naldi). As súbitas transformações de Jekyll e sua cada vez
mais ausente vida social despertam suspeitas. Enquanto Hyde ele assassina
George Carew. Richard Lanyon testemunha a sua transformação. Extremamente
angustiado com as tormentas físicas e psíquicas geradas pelas mutações, Jekyll se
suicida.
Essa, que é a versão muda mais famosa
do célebre romance de Stevenson (satirizado por Harold Lloyd dois anos após com
seu Dr. Jack e em 1925 por Dr. Pickly and Mr. Pryde) ainda que não
possua a mesma dimensão profundamente anárquica e sexualizada da mais célebre
adaptação para o cinema de todos os tempos, empreendida por Mamoulian em 1931,
sem dúvida consegue ser mais ousada que a anêmica versão dirigida por Fleming
em 1941, não por acaso pós-Código Hays. Aqui, deve-se atentar para um certo
caráter subliminar de uma indagação sobre uma possível homossexualidade do personagem,
algo presente em termos de construção narrativa, em que Milicent é bem mais apagada que nas duas outras referidas e igualmente na
indagação sobre o porque do testamento de Jekyll ser endereçado a Hyde – no
mesmo momento Lanyon adverte para o quão Millicent se sente amuada com o seu
aparente descaso. Também em termos de maquiagem, essa produção se torna mais
interessante que a versão de 1941, em que Spencer Tracy encarna a mutação mais
discreta e realista das três versões, algo que fere a própria dimensão
fantástica da fonte original. Há algo de sofrível no ritmo do filme, detendo-se
longamente em elementos que pouco interessam a narrativa principal como os
projetos caritativos do protagonista em seu prólogo (que provavelmente
influenciaria O Falcão Negro, de Browing, alguns anos após). Famous Players-Lasky Corps. 80
minutos.
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