Filme do Dia: Bocage, O Triunfo do Amor (1997), Djalma Limongi Batista


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Bocage, O Triunfo do Amor (Brasil, 1997) Direção: Djalma Limongi Batista. Rot.Original: Gualter Limonge Batista & Djalma Limongi Batista. Fotografia: Djalma Limongi Batista & Zeca Abdalla. Música: Livio Trachtenberg. Montagem: José Carvalho Motta. Com: Victor Wagner, Francisco Farinelli, Vietia Rocha, Majô de Castro, Daniela Previdello.
           Diversas histórias do lendário poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage (Wagner) são entremeadas com sua própria vida, como seu caso com a prostituta Manteigui assim como simultaneamnte com Olinda e Alzira (Castro), a morte de seu fiel amigo Josino (Farinelli), seu encontro com dois frades que lêem avidamente suas aventuras - mote que une diversas das histórias apresentadas.
Representa uma produção pouco comum dentro da cinematografia brasileira de sua época. Reúne uma elaborada estilização visual que consegue extrair muito dos cenários naturais que explora como Ouro Preto com uma narrativa não-linear e uma infinidade de alegorias, unindo um caráter alegórico do saber tradicional como Crede-Mi com a sofisticação visual de um Beladonna. Antes de tudo um filme que não tem medo de ser definido como sério, qualidade rara no cinema brasileiro, sem a auto-complacência que leva por terra qualquer substancialidade a filmes tão diversos da nova onda do cinema brasileiro como Carlota Joaquina ou O Homem Nu. Boa utilização da trilha musical e não tão boa do elenco. Embora alegórico e, em grande parte hermético, seu hermetismo não inibe leituras mais superficiais e não obscurece, antes realça, sua virtuosidade visual. Ecos de Fellini - na anárquica sequência inicial -, Pasolini - na lírica tradução do mundo pré-capitalista e do humor obsceno e na mistura entre sagrado e profano na trilogia do amor, Paradjanov - constante referência a símbolos, inclusive ícones religiosos - e Greenaway - multiplicidade de referências visuais na tela, utilização do nu, segmentação narrativa no estilo borgiano. Original utilização dos versos do poeta, recurso quase nunca explorado no cinema. Embora evidentemente longe da profundidade de Shakespeare, a cena em que Bocage se encontra atormentado, contando somente com o amigo Josino, lembra. Cinema do Século XXI/CPLP. 84 minutos.

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