Filme do Dia: O Último Mergulho (1992), João César Monteiro


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O Último Mergulho (Portugal/França, 1992). Direção e Rot. Original: João César Monteiro. Fotografia: Dominique Chapuis. Montagem: Stéphanie Mahet. Figurinos: Isabel Branco. Com: Fabienne Babe, Canto e Castro, Francesca Prandi, Rita Blanco, Dinis Neto Jorge, Catarina Lourenço, Fabienne Monteiro, Teresa Roby.
Samuel (Jorge), jovem rapaz,  desiste da ideia do suicídio quando um homem já velho, Eloi (Canto e Castro), convida-o para beber. Com uma mulher inválida, Elói leva Samuel para a noite e para o sexo com sua filha, Esperança (Babe), porém  posteriormente pratica o suicídio.
Embora aparentemente seja um filme bem mais convencional que a média do cineasta, da metade para o final tal impressão se desfaz por completo. Até por volta de sua primeira metade a narrativa segue uma decupagem relativamente convencional, em termos do encadeamento das ações, que representam a aventura dos personagens pela noite lisboeta, ao mesmo tempo que o filme oferece uma comovente generosidade do personagem mais velho para com o mais novo, longe de cair no trivial sentimentalismo. A partir de certo momento, no entanto, o cineasta volta a fazer uso de seus habituais planos-seqüência, com intermináveis momentos de dança e acaba, ao final, desinteressando-se de vez pela narrativa iniciada e adentrando na história grega de Hyperion. Tal interesse tardio – que provavelmente possui paralelos com o que a diegese esboçara anteriormente – culmina na seqüência final em tela negra (recurso que trabalharia em toda a extensão de seu filme posterior, Branca de Neve), onde Luís Miguel Cintra recita uma carta de Hyperion ao som das Variações de Goldberg, de Bach. Não há como negar que o filme é mais interessante na sua pequena crônica da vida noturna lisboeta que no desenrolar cada vez mais obscuro e próximo das narrativas godardianas, embora não faltem belos trechos também nesse segundo momento. Compõe uma tetralogia dos “quatro elementos” juntamente com O Fim do Mundo,de João Mário Grilo, No Dia dos Meus Anos, de João Botelho e Das Tripas Coração, de Joaquim Pinto, igualmente produzidos no mesmo ano. Monteiro surge numa ponta, observando Esperança, enquanto espera sua vez de usar o banheiro. Le Sépt Cinema/Madragoa Films/RTP. 85 minutos.

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