Filme do Dia: Tatuagem (2013), Hilton Lacerda
Tatuagem (Brasil, 2013). Direção e
Rot. Original: Hilton Lacerda. Fotografia: Ivo Lopes Araújo. Música: DJ Dolores
& Johnny Hooker. Montagem: Mair Tavares. Dir. de arte: Renata
Pinheiro. Com: Irandhir Santos, Jesuíta
Barbosa, Rodrigo García, Sílvio Restiff, Ariclenes Barbosa, Nash Leila, Sílvio
Restiff, Sylvia Prado.
Final dos anos 70. A libertária trupe
teatral liderada por Clécio (Santos) prepara um novo espetáculo e este se
envolve com um jovem soldado da PM, Fininho (Barbosa), então namorado da irmã
de um membro da trupe, Pauleta (García). O grupo passa a morar junto em um
casarão. Boa parte deles é contra o envolvimento de Clécio, pois ainda se
vivencia os efeitos do regime militar. Fininho tatua um c em seu peito, em
tributo a Clécio. Certo dia chega a ordem de proibição do espetáculo. O grupo
ignora, e faz um ato de revide, após a tentativa frustrada de negociação com os
censores. A polícia efetua um ato de repressão ao grupo. Fininho, que já fora
incorporado ao grupo, vai morar em São Paulo e manda notícias, dizendo que a
tatuagem dificultava com que conseguisse emprego.
Sua trama algo rala, que foge de
relações causais tradicionais, mas ao mesmo tempo não deixa de criar falsas
expectativas quanto a concretização de elementos dramáticos pretensamente
associados àquelas – Fininho como possível delator, conflito familiar da
família do mesmo por conta de sua vida secreta, etc – talvez sugira um viés que
no cinema brasileiro foi mais bem efetivado por um filme como Cinema, Aspirinas e Urubus. Aqui, por
mais que a atmosfera de uma época seja relativamente bem explorada, longe de se
abusar de valores de produção que façam menção a se tratar de um “filme de
época”, solução que mesmo que tenha como principal causa o fato de se tratar de
uma produção relativamente modesta acaba lhe caindo bem, perde-se em termos de
uma diluição de qualquer enfrentamento mais denso seja com a cena cultural, com
a história de amor ou com o momento político. Enquanto evocação de uma arte
libertária, o filme fica bastante aquém de A Febre do Rato, roteirizado pelo próprio Lacerda – dirigindo aqui seu
primeiro longa ficcional, ainda que seja um dos que mais generosamente se
prestou na apresentação de corpos nus, sobretudo masculinos e na evocação do
amor gay no cinema brasileiro até o momento de sua produção. Destaque para a
sua trilha de canções, que inclui a inusitada Polka do Cu. Rec Prod.
Associados. 110 minutos.
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