Filme do Dia: A Morte de um Bookmaker Chinês (1976), John Cassavetes
A Morte de um Bookmaker Chinês (The Killing of a Chinese Bookmaker, EUA, 1976). Direção e Rot. Original: John Cassavetes. Fotografia: Mitch Breit & Al Ruban. Música: Bo Harwood. Montagem: Tom Cornwall. Dir. de arte: Sam Shaw & Phedon Papamichael. Cenografia: Bruce Hartman & Robert Vehon. Figurinos: Mary Herne. Com: Ben Gazzara, Timothy Carey, Seymour Cassel, Virginia Carrington, Morgan Woodward, Meade Roberts, Azizi Johari, John Kullers.
Cosmo Vittelli (Gazzara) é dono de uma boate que apresenta números musicais que exploram, em grande parte, a nudez de algumas garotas e apaixonado pelo que faz. Sua vida, relativamente tranquila, vê-se abalada pelo hábito de jogar, perdendo 23 mil dólares. Seus credores pedem que, em troca da dívida, ele mate um dos líderes da máfia chinesa. Após executar não apenas o homem designado, mas também dois de seus guarda-costas, Vittelli é procurado pelos mesmos homens, que agora querem efetuar uma “queima de arquivo”.
Menos interessado no miolo de motivações que servem de pretexto para que o filme “avance”, que pelos momentos em que seus atores interagem enter si, Cassavetes idealizou esse filme anos antes, ao lado de Scorsese. Interessante se faz a comparação do mesmo ainda com as produções mais autorais de Scorsese, tais como Caminhos Perigosos (1973), que aborda universo similar, para se observar um talento ainda mais idiossincrático e menos dobrado aos interesses da indústria. Tocante é a forma como Cassavetes, talvez na cena mais notável do filme, apresenta, mesmo em meio a ação que o levará a matar, o interesse e a preocupação por como o número musical de sua boate está transcorrendo, expressada pela tensão de um de seus atores-fetiches, Gazzara. Fica patente que aqui Gazzara se transforma em duplo do próprio Cassavetes, buscando não apenas, como apresentando no plano diegético, extrair o melhor de seus artistas, servindo enquanto metáfora igualmente para a busca, algo desesperada, da expressão artística do realizador. A ternura demonstrada pelos personagens da noite e do mundo da prostituição, como a expressa por Mama, soa bem próxima de vários personagens interpretados pelo próprio Cassavetes. E, por fim, existe a opção por apresentar o “artista” lacerado, literalmente sangrando, mas não morto, numa dimensão que mais uma vez se identifica com os seus personagens limítrofes. Bo Harwood, habitual colaborador do cineasta, compôs algumas canções com o mesmo, sendo que somente Rainy Fields of Frost and Magic surge, ao menos nessa versão, que se tornou a predominante do filme, ao contrário da de seu lançamento, que possuía 135 minutos, sendo que aqui também se encontram presentes cenas que não se encontravam naquela. Oitavo filme dirigido por Cassavetes. Faces Distribution. 108 minutos.
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