Filme do Dia: Os Inquilinos (2009), Sérgio Bianchi


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Os Inquilinos (Brasil, 2009). Direção: Sérgio Bianchi. Rot. Adaptado: Beatriz Bracher & Sérgio Bianchi, a partir do conto de Vagner Geovani Ferrer. Fotografia: Marcelo Corpanni. Montagem: André Finotti. Dir. de arte: Beatriz Pessoa. Figurinos: Isabel Paranhos. Com: Marat Descartes), Ana Carbatti, Umberto Magnani, Lennon Campos,  Andressa Néri, Cássia Kiss, Cláudia Mello, Fernando Alves Pinto, Caio Blat, Leona Cavalli, Zezeh Barbosa, Sérgio Guizé, Sidney Santiago, Robson Nunes.

2006. Valter (Descartes) é casado com Iara (Carbatti) e possui o casal de filhos Diogo (Campos) e Fernanda (Néri), vivendo na humilde casa de um bairro periférico de São Paulo. A rotina da família, assim como da vizinhança se transforma após a chegada de um trio de jovens (Guizé, Santiago e Nunes) que não só não possuem uma rotina de trabalho como fazem barulho a toda hora do dia. Eles dividem parte de uma casa com um senhor aposentado, Dimas (Magnani), que é o principal afetado com a mudança, sofrendo inclusive agressão física do grupo, como conta certo dia para Valter. Valter, que possui um desejo de revidar com violência a truculência dos vizinhos, também sente pressão no trabalho e não consegue do patrão que assine sua carteira. Também teme que sua mulher seja seduzida pela “virilidade” dos homens ao lado. Para sua estupefação, Dimas afirma que irá fazer uma viagem com o mesmo grupo que havia tornado sua vida um inferno. Dias após, quando Valter trabalhava, ele recebe uma ligação sobre o assassinato de Dimas e chega a tempo de ver a polícia prendendo o grupo de homens. Tempos depois, quando sai para o trabalho, um grupo de homens armado e mais organizado que o outro passa a tomar conta da casa.

Trilhando por sendas dramáticas relativamente mais convencionais que seus filmes anteriores, Bianchi centra seu estranhamento no próprio laconismo de uma narrativa que gradualmente subverte expectativas de causa-efeito sobretudo no que diz respeito a figura do senso de paranoia de uma masculinidade/civilidade diante de uma barbárie ameaçadora de um senso de continuidade e sentido para o cotidiano, tema por demais já explorado pelo cinema, com aportes diversos (Taxi Driver, Sob o Domínio do Medo, dentre muitos outros). Tendo como pano de fundo os atentados sofridos pela polícia paulistana em 2006, e situando sua habitual dose de alegoria e generalização, algo ímpar no cenário da produção nacional contemporânea ao momento em que foi produzido a uma moldura mais realista, o filme também efetiva um raro senso autoral que conjuga certo desprezo pelo esteticismo da imagem, tão em voga, inclusive em boa parte da produção mais independente, e uma direção de atores não mais que mediana de uma trupe recorrente. Se muito do que é indagado sobre os “misteriosos vizinhos” permanece incógnito, inclusive a morte de Dimas, ao final se tem uma evidente metáfora de uma passagem para um ethos criminoso menos amador e – talvez – menos explicitamente violento do que o anterior. Menos esquemático que seus painéis mais abertamente simbólicos e com preocupações ainda mais reduzidas em relação ao desenvolvimento individual dos personagens (Cronicamente Inviável, Quando Vale ou é por Quilo), ainda assim o filme resulta menos interessante. Agravo Prod. Cinematogáficas. 103 minutos.


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