Filme do Dia: A Paixão de JL (2015), Carlos Nader
A
Paixão de JL (Brasil, 2015). Direção e Rot. Original: Carlos Nader. Fotografia:
Fernando Laszlo & Marcos Vilas Boas.
Música: Daniel Zimmerman. Montagem: Carlos Nader & Yuri Amaral.
Documentário
que tem como base os “diários” gravados em cassete pelo artista plástico
Leonilson, donde se percebe o entretecimento entre sua obra e vida, já que
muito do que se refere em termos pessoais surge como referência artística,
incluindo não apenas situações vivenciadas de fato por ele como obras
audiovisuais e jornalísticas que vão da série de TV Perdidos no Espaço a Paris,
Texas (1984), de Wenders, passando por um clipe de Madonna, Eduardo II, de Jarman e Um
Filme para Nick, novamente de Wenders, e imagens da invasão do Iraque pelos
Estados Unidos, acompanhadas no último caso por um choro sentido do artista. No
meio do processo de suas gravações, Leonilson, que antes se dizia incrédulo
sobre a possibilidade de se encontrar com o HIV, descobre-se portador do mesmo.
Seu drama maior é contar para a família, dentre outras divagações que incluem
filmes que viu e paixões constantemente citadas. A referência constante às
obras do artista, quase sempre citadas pelos diários, assim como uma ou outra
inserção criativa que não se refira diretamente ao que é citado em suas
gravações evocam um gradual cansaço (físico e psíquico) diante do que é sofrido
pela doença. Além de não ser necessariamente original na forma como equilibra
suas imagens, talvez o filme de Nader soe algo repetitivo em relação ao curta Com o Oceano Inteiro para Nadar (1997),
de Karen Harley, que inclusive faz uso de várias das obras aqui citadas e
também de vários trechos idênticos de sua fala, como declarações sobre o seu
ocasional interesse por mulheres mas com certeza de gostar mesmo de rapazes ou
que “ser gay hoje em dia é o mesmo que ser judeu durante a II Guerra Mundial”
sem o risco da repetição presente aqui e também com um maior descolamento
reverencial entre áudio e imagem. Aqui, no entanto, encontram-se depoimentos lá
ausentes talvez por proximidade de sua morte e também de implicações
familiares, como referências bastante positivas com relação a sua família,
sobretudo seu pai e mãe, cuja foto é comentada numa aura de punctum barthesiano
e também comentários sobre a própria doença, lá ausentes. Já Filmes. 82
minutos.
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