Filme do Dia: What Drink Did (1909), D.W.Griffith
What Drink
Did (EUA, 1909). Direção: D.W. Griffith. Com: David Miles, Florence Lawrence,
Adele DeGarde, Gladys Egan, Charles Avery, Owen Moore, John R. Cumpson, Mack
Sennett, Harry Solter.
Alfred (Miles), pai respeitado e
amado pelas filhas (Egan e DeGarde) e esposa (Lawrence), passa a se
desinteressar da família a partir do momento que concorda em ir após o trabalho
com outros trabalhadores beber em um saloon.
Chocada ao presenciar o marido bêbado, sua esposa pede que uma das filhas vá
procurá-lo. Ela o encontra em um bar, mas ele resiste em voltar para casa. Ao
voltar para casa e perceber a mãe e a irmã desesperadas, retorna ao bar, onde é
violentamente afastada pelo pai, provocando a ira de um dos empregados do estabelecimento
que ao discutir com Alfred e tentar matá-lo com um tiro, atinge a garota.
Desesperado, Alfred se regenera e agora se afasta dos antigos amigos de
bebedeira, reaproximando-se da família.
Mesmo que de longe menos cinematograficamente
interessante que A Drunkard’s
Reformation, produzido no mesmo ano, possui um intuito ainda mais explícito
de moralização que contrapõe os valores domésticos aos do saloon, que de certa forma mimetiza o próprio processo de
valorização moral do cinema à sua época, mesmo que aqui o aspecto regenerador
venha menos de uma obra de arte, duplo do próprio cinema, como no outro filme e
sim da tragédia involuntária que se abate sobre a família. O caráter moralista
explícito já se encontra na cartela que surge antes de qualquer imagem
afirmando ser a narrativa que se segue uma “lição de moral para refletir”. É interessante que a compressão temporal da
narrativa faça com que os eventos se precipitem de modo bastante rápido, como é
o caso do vício do protagonista ou da briga entre esse e o homem do bar, que
imediatamente já saca o revólver mas, por outro lado, detêm-se por bastante
tempo na jornada da garota para trazer o pai de volta para o seio do lar,
criando uma ainda maior potencial identidade de comiseração com seu destino trágico. A decupagem desse
filme pode ser considerada bastante precária em relação a maior parte da
produção de Griffith posterior – praticamente não indo além dos planos abertos
que apresentam os atores de corpo inteiro. Faz uso da montagem paralela em dois
momentos que ressaltam os afazeres domésticos ou a ansiedade da família em
contraposição a dissolução do protagonista no bar. Gladys Egan, que vive a
garota que será assassinada, era a atriz-mirim mais recorrente da trupe de
Griffith, acompanhando-o desde o seu primeiro filme, protagonizado por ela (The Adventures of Dollie) Biograph. 10
minutos e 17 segundos.
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