Filme do Dia: Nome Próprio (2007), Murilo Salles

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Nome Próprio (Brasil, 2007). Direção: Murilo Salles. Rot. Adaptado: Murilo Salles, Melanie Dimantas & Elena Soarez, baseado no livro Máquina de Pinball, de Clarah Averbuck. Fotografia: Murilo Salles. Música: Sacha Amback. Montagem: Vânia Debs & Gabriel Mellin. Com: Leandra Leal, Juliano Cazarré, David Cejkinski, Ricardo Garcia, Rosane Mulholland, Gustavo Machado, Martha Nowill, Alex Disdier, Munir Kanaan, Frank Borges.
Camila (Leal) é uma jovem que, findo o seu relacionamento com o namorado Felipe (Cazarré), vivencia um período de instabilidade emocional e vai morar com um amigo, Márcio (Kanaan). Passa então a freqüentar e se envolver com os tipos mais diversos: Rodrigo (Garcia), sujeito que ela própria acha desinteressante; Guilherme (Cejkinski), nerd e maníaco, que aluga um apartamento para ela com sua poupança; Leo (Borges), o namorado de sua amiga Paula (Mulholland); Henri (Disdier), um sofisticado francês e Daniel (Machado), por quem volta a se apaixonar perdidamente, mas que se encontra envolvido com outra mulher.

Há algo de deveras interessante na proposta de apresentar uma mulher que oscila entre o sexo casual e as obsessões por um amor que nunca parece correspondido à altura pelos homens. De certo modo a estrutura desse filme é evocativa, a seu modo, da de À Procura de Mr. Goodbar (1979), de Richard Brooks. Como naquele, é depois de um amor frustrado que a protagonista busca o prazer de modo quase agonístico. Aqui, no entanto, ao contrário de lá, há uma recaída e se moldura tudo a partir de uma aspirante a escritora, que utiliza seu corpo quase que literalmente como escrita. O resultado final, longe de vazio, é bastante irregular. Comprometem em maior ou menor grau as pretensões mais centrais do filme as interpretações desiguais (alguns dos contrapartes de Leal são nada menos que canhestros). Assim como a própria Camila de Leal que, apesar da interpretação correta e com laivos de Ana Cristina César, parece tão rasa quanto a própria poesia que escreve. O que é um demérito diante dos marginais que admira, tais como Paulo Leminski, talvez se torne a tradução mais apropriada para outra época, na qual tudo é tão fugidio e momentâneo quanto as próprias postagens na internet. Entre o intenso e o inócuo, mortos e feridos, o filme consegue construir um personagem que pode trafegar entre a antipatia gratuita a uma fragilidade que, mesmo contendo uma boa carga involuntária ou nem tanto de fake, tampouco deixa de funcionar, ao menos retrospectivamente a partir de seu belo final. Cinema Brasil Digital. 120 minutos.

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