Filme do Dia: Cidadão Klein (1976), Joseph Losey
Cidadão Klein (Monsieur Klein, França/Itália, 1976).
Direção: Joseph Losey. Rot. Original:
Franco Solinas. Fotografia: Gerry Fisher &
Pierre-William Glenn. Música: Garry Fischer & Egisto Macchi. Montagem:
Henri Lanoë. Dir. de arte: Olivier
Girard & Alexandre Trauner.
Figurinos: Annalisa Nasalli-Rocca. Com: Alain Delon, Jeanne Moreau, Suzanne
Flon, Michel Aumont, Jean Champion, Juliet Berto, Massimo Girotti, Louis
Seigner.
Na Paris da Segunda Guerra, Robert Klein (Delon)
recebe uma carta de uma revista que circula no meio judaico. Vivendo até então,
em boa parte, do lucro que lhe gera a venda de obras de arte que são desfeitas
por judeus em desespero, ele também é ironicamente alertado sobre seu futuro
por um de seus clientes. Desconfiado de que se trata de um engano, procura a
polícia, onde nenhum policial demonstra aparentemente se interessar a fundo por
seu caso. Cada vez mais se interessa em descobrir sobre esse outro Robert Klein
que vive em condições miséria. Encontra coincidentemente com os investigadores
policiais. A locatária lhe indaga se ele não é Robert Klein, seu inquilino, já
que nunca o vira de perto, e ele parecia corresponder a aparência física de
Klein. Ele afirma à polícia que, na verdade, apenas procura conhecer o
apartamento, já que um amigo seu encontra interessado. Obcecado em investigar
sobre o misterioso Klein, e tentando provar à polícia de que não tem sangue
judeu, ele investiga suas origens. Seu avô lhe afirma que a família é católica
desde dois séculos atrás e que esse outro Klein deve pertence a um ramo
holandês da família, com o qual ele nunca teve muito contato. Quando vai ao
castelo de Florence (Moreau), falam criptograficamente. Ela e seu esposo são amigos
de Klein. Certo dia tem uma crise nervosa, ao chegar em casa e encontrar a
polícia levando seus bens. Ele indaga sobre qual interesse ele teria de iniciar
uma investigação sobre si próprio se ele fosse o Klein que eles imaginavam. Um
policia afirma que pode ser um tática de despiste. Tendo revelado uma foto em
que Klein aparece junto de uma moça - que é conhecida por vários nomes, entre
eles Cathy e Jeanine (Flon) - e um
pastor alemão, ele tenta encontrar seu paradeiro sem sucesso. Não suportando
mais a ausência dele, sempre comentando a respeito de Klein, sua amante o abandona. Com ajuda de seu
advogado consegue vender o resto de seus bens e conseguir um passaporte falso
para abandonar o país. Porém quando entra no compartimento do trem, encontra
Jeanine, a quem também nomeia todos os outros. Ele afirma que a conhece por
Klein, porém essa afirma que ele certamente não conhece Klein, senão o teria
percebido na estação e lhe dá um tapa. Voltando para Paris, ele vai a casa de seu
advogado onde liga para o apartamento de Klein, após ter descoberto que ele
sempre lá estivera, e marca um encontro com o mesmo. Porém quando chega próximo
do local, testemunha a prisão de Klein. No dia seguinte seu destino será o
mesmo. Seu advogado, no último momento, afirma que se encontra com os papéis
que o inocentam, mas ele é arrastado pela turba e se dirige para os campos de
concentração no mesmo trem que o judeu que lhe admoestara sobre seu futuro.
Afastando-se
de pretensões realistas, o cineasta se aproxima de um certo tom fantástico
kafkaniano. O filme é uma parábola dos judeus ricos que, conseguindo ou não se
safar da opressão nazista, procuraram de toda forma, porém sem sucesso, renegar
suas origens judaicas. Ao se obcecar pela figura de seu duplo, o Klein judeu, o
protagonista acaba por assumir essa identidade anteriormente renegada e sofrer
todas as suas consequências radicais que o levarão a morte. Produzido por
Delon, que curiosamente vivenciara um personagem de duplo, de uma forma que
ainda mais nitidamente delineava se tratar de uma mesma personalidade dividida,
no episódio dirigido por Louis Malle para Histórias
Extraordinárias (1968). Adel Productions/Lira Films/Mondial Televisione
Film/Nova Films. 123 minutos.
Comentários
Postar um comentário