Filme do Dia: Bahia de Todos os Santos (1960), Trigueirinho Neto
Bahia de Todos os Santos (Brasil, 1960). Direção e Rot.
Original: Trigueirinho Neto, a partir de seu próprio argumento. Fotografia:
Gugliemo Lombardi. Montagem: Maria Guadalupe.
Figurinos: Maria Augusta Teixeira. Com: Jurandir Pimentel, Araçary de
Oliveira, Geraldo Del Rey, Lola Brah, Sadi Cabral, Antônio Pitanga, Eduardo
Waddington, Mãe Masu, Anecy Rocha.
Na época do Estado Novo, Tonho
(Pimental) é um jovem revoltado, abandonado pelos pais e que não quer viver com
sua avó, mãe de santo (Masu). Ele vive de pequenos furtos e da amante
americana, Miss Collins (Brah), de quem afana dinheiro para ajudar seus amigos
grevistas, que passaram a fazer parte da clandestinidade. Quando Collins
percebe que ele apenas quer se divertir nas gafieiras e pouco liga para ela, denuncia-o
à polícia. Preso, é solto após a visita da avó, mas enquanto todos os amigos tomam
alguma decisão a respeito do futuro, para ele nenhuma perspectiva diferente
parece surgir.
Típico produto dos anos que antecedem
o Cinema Novo, em termos de sua apropriação de temáticas que lidam com a
questão social, sua predileção por filmagens em locação, tipos populares,
apresentação da religião afro, repressão policial e um certo “tom engajado”.
Porém, talvez permaneça do tão ou mais afinado com o cinema produzido
anteriormente, ou pelo menos, uma reatualização dos dramas daquele através de temas mais ousados e polêmicos para o
período como a prostituição e as insinuações de homossexualidade entre alguns
personagens. O ator amador Pimentel, em sua relativa limitação, não deixa de
ser um achado que resiste melhor ao tempo que tipos mais artificiosamente
dramáticos como a gringa vivida por Brah ou, principalmente, a prostituta de
Oliveira. Guardadas as devidas proporções, talvez o seu naturalismo seja o
equivalente do buscado noutros tempos, em um ambiente igualmente marginal e
igualmente na Bahia, por Cidade Baixa,
ainda que o filme de Trigueirinho Neto seja mais interessante. Lorenzo Serrano
Prod. Cinematográficas/Trigueirinho Neto Prod. Cinematográficas. 100 minutos.
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