Filme do Dia: Cerimônia de Casamento (1978), Robert Altman
Cerimônia de Casamento (EUA, 1978).
Direção: Robert Altman. Rot.Original:
Robert Altman, John Considine, Allan F. Nichols & Patricia Resnick, sob o
argumento de Altman & Considine. Fotografia: Charles Rosher Jr. Dir. de arte: Dennis J. Parish. Figurinos: J. Allen Highfill. Com: Desi Arnazs Jr.,
Carol Burnett, Geraldine Chaplin, Howard Duff, Mia Farrow, Vittorio Gassman,
Lilian Gish, John Cromwell, Viveca Lindfors, Amy Stryker, Pat McCormick.
A família de
tradição, os Brenner casam sua filha, Margareth (Striker), com o filho de uma
espalhafatosa família nova-rica italiana, Dino (Arnazs Jr.). No casamento, a
matriarca, Nettie (Gish) falece antes da festa começar. Uma histérica lésbica
recolhida é a mestre de cerimônias (Chaplin). Um bispo ancião (Cromwell) mal
consegue dizer as palavras do ritual. A mãe da noiva (Burnett) é explicitamente
galanteada pelo tio do noivo (McCormick). A irmã da noiva, Buffy (Farrow) é uma
ninfomaníaca que já dormiu inúmeras vezes com o noivo da irmã.
Essas são apenas
umas poucas das várias subtramas que surgem no filme. Altman tenta pela segunda
vez a forma do multi-enredo que havia utilizado de modo soberbo em Nashville, e que se tornaria
grandemente influente. O toque de Altman é o que diferencia seus multi-enredos,
já que esse era um gênero que remontava a Grande Hotel (1932), de Edmond Goulding, para não falar de experiências anteriores
como Rua sem Alegria (1926), de
Pabst. De fato, o que Altman traz de novo é um
naturalismo golpeado por situações francamente não naturalistas, o que poderia
evocar Buñuel, mas de fato sob chave bastante distinta. Porém aqui, ao
contrário de seu filme anterior, sua estratégia não funciona por quase todo o
filme. Talvez o fato se dê pela compressão espaço-temporal para um número tão
extenso de personagens (48, duplicando o time já bastante extenso de seu filme
anterior), o que acaba induzindo por vezes a falta de noção de quem é quem.
Algo que não se torna um empeciho para a proposta do cineasta, que parece mesmo
motivar tal confusão. Existem poucos
momentos efetivamente hilários e aliás esse não parece ser o objetivo do filme,
como é o caso do momento em uma Buffy/Farrow revela a quantidade de encontros
sexuais que tivera com o noivo da irmã. Situações que envolvem um apelo de
humor fácil, geralmente apoiados em uma ressaca da contracultura, de um modo
geral não funcionam, seja o do beijo apaixonado e simultâneo de cada um dos
recém-conjuges tasca em seus antigos amantes, seja ainda as insinuações de
ambos sendo vítimas de homossexualidade fortuita de membros do cerimonial ou
mesmo as referências à maconha. A um tom incisivo de explorar cacoetes de
tipos, mais que personagens dramaticamente complexos, que são observados meio
que de relance e a certa distância. Pelo
menos, ninguém escapa deles. Sejam os dos italianos fanfarrões, como Gassman, tentando repetir a mesma
passionalidade de vários de seus papéis em filmes italianos, considerados
igualmente como máquinas prontas para o amor a todo instante, seja ainda os
tipos de sexualidade reprimida, pronta a ascender a qualquer momento, como é o
caso de boa parte dos anglo-saxões (além da ninfomana, a mãe do noivo reage de
modo ambíguo as cantadas do membro da outra família e a irmã possui um relação
com o motorista negro). Lion´s Gate Films/20th Century-Fox. 125 minutos.
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