Filme do Dia: Napola (2004), Dennis Gansel
Napola
(Napola – Elite für den Führer, Alemanha, 2004). Direção: Dennis
Gansel. Rot. Original: Dennis Gansel & Maggie Peren. Fotografia: Torsten
Breur. Música: Angelo Badalamenti & Normand Corbeil. Montagem: Jochen
Retter. Dir. de arte: Matthias Müsse & Martin Maly. Figurinos:
Natascha Curtius-Noss. Com: Max Riemelt, Tom Schilling, Jonas Jägermeyr, Leon
A. Kersten, Thomas Drechsel, Martin Goeres, Florian Stetter, Devid Striesow.
Friedrich Weimer (Riemelt) é um talentoso
praticante de boxe que vê sua sorte mudar na Alemanha nazista, quando recebe a
indicação de um oficial, Vogler (Striesow), para fazer parte da Napola, a elite
do comando nazista, para a ira de seu pai judeu. Frierich rapidamente se
estabelece como uma referência entre seus pares dado o seu talento no boxe, mas
não é poupado como ninguém do treinamento extremamente extenuante. Friedrich se
torna amigo do sensível e protegido filho de um oficial alemão que é líder
regional da SS, Albrecht Stein (Schilling). A amizade dos dois faz com que
Friedrich começe a refletir sobre os rumos que sua conduta se está dirigindo,
algo que somente piora quando são convidados para a mansão da família Stein. Lá
ambos são incitados a lutar boxe e Friedrich põe Albrecht quase em nocaute.
Posteriormente, ambos fazem parte de um pelotão que chacina um grupo de
crianças e adolescentes, sem saber que não eram adultos. Albrecht se sente
completamente enojado pela situação e compõe uma redação que expressa
publicamente seu repúdio, tornando-se um constrangimento para seu pai. Pouco
depois, decide se deixar morrer em meio a uma prova em águas glaciais,
provocando o desespero de Friedrich. Numa luta de boxe que segue a morte de
Albrecht ele perde propositalmente e é
expulso do castelo apenas com a mesma roupa que entrara.
Como em seu filme de maior repercussão
internacional, A Onda (2008), Gansel
se detém sobre os mecanismos que compõe a estrutura do autoritarismo,
apresentados aqui de forma mais convencionalmente dramática e menos esquemática
que em seu filme posterior, com melhor resultado. A amizade entre os dois
amigos fica muito próxima da explicitação de uma paixão sexual, mas apenas
sugerida do início ao final. Fortalecido pelo desempenho de ambos os atores,
assim como um bom elenco de apoio, que de uma maneira geral se sai bem melhor
que em seu filme posterior, o filme investe na sociabilidade da juventude
hitlerista como poucas produções o fizeram. A enorme pressão exigida por uma
sociedade agressivamente homonormativa masculina faz com que um pai sustenha as
lágrimas ao saber da morte do filho, tentando driblar a emoção ao afirma que era
um fraco ou que um dos garotos, constantemente humilhado diante dos seus pares
por sua incontinência urinária, se sacrifique para salvar todo o
esquadrão, ironicamente tornando-se um herói após morto. Pode-se sentir, como
em A Onda, a tensão entre
sentimentos individuais e a pressão coletiva. E é do ator-fetiche de Gansel, o
excelente Riemelt, que se faz uso para melhor expressar tal tensão. Certamente
se está longe das alegorias do Novo Cinema Alemão a respeito do nazismo, que o
pontuaram do ínicio (O Jovem Törless)
ao final (O Tambor) e mais próximo
da evocação pseudo-biográfica de Adeus, Meninos, mesmo que sem a mesma sutileza do último. Gansel sempre apela para saídas mais convencionalmente excessivas em sua dramaticidade,
como a do afundamento de Albrecht no lago gelado observado pelo amigo.
Apresenta o evento sem fazer qualquer julgamento moral sobre seu jovem
protagonista, observado com generosidade e mesmo uma certa ‘redenção’ após se
negar a continuar pactuando com as exigências sociais impostas. Menos
redundante e óbvio que na sua produção de quatro anos após, teve seu
protagonista inspirado na figura do avô do cineasta. Olga Film
GmbH/Constantin Film/Seven Pictures para Constantin Film. 117
minutos.
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