Filme do Dia: Jake Grandão (1971), George Sherman
Jake Grandão (Big Jake, EUA, 1971). Direção: George Sherman. Rot. Original:
Harry Julian Fink & Rita M. Fink. Fotografia:
William H. Clothier. Música: Elmer Bernestein. Montagem: Harry W. Gerstad. Dir.
de arte: Carl Anderson. Cenografia: Ray Moyer. Figurinos: Luster Bayless. Com:
John Wayne, Richard Boone, Patrick Wayne, Christopher Mitchum, Bruce Cabot,
Bobby Vinton, Glenn Corbett, Maureen O’Hara, Ethan Wayne.
1909. Jacob “Jake” McCandles (John Wayne) é
contratado por sua ex-mulher, Martha (O’Hara), para libertar o seu jovem neto
(Ethan Wayne) das garras dos facínoras liderados por John Fain (Boone), que
massacraram a rica vila de sua esposa, matando vários de seus criados e ferindo
gravemente um de seus filhos e exigem um milhão de dólares. Jake reencontra,
após anos, seus filhos James (Patrick Wayne) e Michael (Mitchum), que partem numa
caravana de automóveis e de uma moto. Jake, seguindo seu velho estilo, parte
com seu cavalo e o cachorro de estimação, encontrando mais à frente o seu fiel
aliado indígena Sam (Cabot). Em pouco tempo a eufórica caravana motorizada é
desbaratada pela quadrilha de Fain e Jake toma a liderança, levando consigo os
filhos. Eles irão encontrar a perigosa quadrilha na cidade mexicana de
Escondero. Os filhos de Jake descobrem que ele não leva um milhão, mas antes
jornais velhos, no baú. O desafio será recapturar a criança viva mesmo não
tendo dinheiro em troca.
Este que é o último filme de Sherman para o
cinema, veterano realizador que havia dirigido o próprio Wayne nos anos 1930,
inicia com interessantes créditos, apresentando uma cronologia de eventos que
ocorria pela época em que a história se desenvolve, não deixando de fora o
próprio cinema – O Grande Roubo do Trem
(1903) é não apenas lembrado, como tem uma de suas cenas apresentadas em meio a
galeria de fotos fixas. É o quinto e último dos filmes em que O’Hara e Wayne vivenciam
um casal ou ex-casal e talvez se torne mais interessante quando comparado com
os filmes que a dupla vivenciara antes, sobretudo os do mesmo gênero, do que
propriamente isolado. De fato, é notória o quanto a crescente violência
gráfica, influenciada sobretudo pelo enorme sucesso de Meu Ódio Será Tua Herança (1969), de Peckimpah, assim como pelo
próprio momento histórico vivenciado pelo país, torna-se um elemento a ser
ressaltado. Se o massacre inicial da família de Rastros de Ódio (1956), talvez se torne ainda mais pungente por ser
deixado de fora da narrativa, aqui o gratuito massacre inicial já dita o tom.
Como é comum nos filmes produzidos pelo próprio Wayne, incorpora-se ao filme
uma série de valores que lhe são comuns. O olhar desdenhoso para com a
modernidade se faz valer na imposição do pai que consegue domar a rebeldia dos
filhos, assim como na esperada superioridade de suas estratégias, consideradas
superadas, diante das novas maravilhas mecânicas ou mesmo no olhar de repulsa
que Jake lança para o chapéu de fita que trajava o filho no momento de sua
captura. Civilização torna-se sinônimo de feminilização. Ou de alteração das
reações típicas a serem esperadas por cada gênero – Martha, não por acaso o
nome da matriarca de Rastros de Ódio, não pisca um olho ou solta uma lágrima
diante do massacre e até esboça uma
reação.
E a gratuidade da violência do bando sanguinário tampouco pode ser
compreendida segundo os códigos convencionais sacrossantos de luta pela terra
que haviam orientado os clássicos de Ford. Aqui somente importa o dinheiro. A
influência capilar do cinema moderno observada em sua apresentação se encontra
longe de fazer o filme sequer se aproximar da onda “revisionista” do gênero
empreendida contemporaneamente por cineastas como Arthur Penn. John Wayne, mesmo sem ser creditado, co-dirigiu o filme. Cinema Center
Films/Batjac Prod. para National General Pictures. 110 minutos.
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