Filme do Dia: Bem me Quer, Mal me Quer (2004), Maria de Medeiros
Bem me Quer, Mal me Quer (Je
T Aime...Moi Non Plus, França, 2004). Direção e Rot. Original: Maria de Medeiros. Fotografia: Agustí Campos, Maria de Medeiros, Louis Hanon & Joshua Phillips. Montagem: Frederic Charcot & Maria de Medeiros.
A relação de amor e
ódio entre críticos e realizadores através de um vasto painel de algumas das
figuras consideradas sumidades em cada uma dessas profissões e suas declarações,
focadas a partir da vitrine de egos proporcionada pelo Festival de Cannes. Que
não se espere nenhum aprofundamento maior e sim mais uma certa leveza cômica
que leva aos tradicionais pontos de atrito e sedução. Manoel de Oliveira
apresenta um dos depoimentos mais interessantes e equilibrados, apresentando a
função fundamental da crítica no crescimento de seu próprio trabalho. Wenders,
por outro lado, evoca uma situação que uma crítica irresponsável arrasou o
elenco de um de seus filmes, levando uma das atrizes a uma tentativa de
suicídio ou ainda quando ouve de alguém que um filme seu mudou a vida daquela
pessoa, tal declaração vale mais que qualquer crítica. Almodóvar demonstra-se
insatisfeito com que ele acredita ser o pouco entendimento que os espanhóis tem
de seu próprio cinema, quando são os únicos que detém todos os instrumentos
para decifrá-lo em todas as linhas. Atom Egoyan recorda o início da carreira,
quando sonhou com uma crítica que iria mudar sua vida e acabou sendo citado por
apenas algumas linhas. O realizador palestino Elia Suleiman reclama de certos
mitos criados pela crítica, como a excessiva festa no que diz respeito a
cineastas como - embora não cite
diretamente – Abbas Kiarostami. Do lado dos críticos o mais bem humorado é um
crítico francês que disse que a melhor seqüência ao qual se referira em um
trecho de Tarkovski havia sido sonhada por ele, já que não constava do filme,
após comentá-la com os colegas. Um crítico americano recorda o episódio em que
sua crítica de Titanic no Los Angeles Times
irritou profundamente James Cameron, que pediu sua cabeça. O brasileiro Rubens
Ewald Filho e o britânico Alexander Walker rememoram entreveros que tiveram com
realizadores que criticaram, no caso do último o cineasta Ken Russell, que
acabou atacando Walker com o próprio jornal em uma transmissão ao vivo, à época
do lançamento de seu filme Os Demônios.
Leon Cakoff lembrando o extravasamento de sua raiva quando encontrou Truffaut e
afirmou para o cineasta que fora preterido de uma entrevista com ele por não
ser de um país influente e Truffaut acalmou-o, chamando-o para uma conversa a
sós por meia-hora. A trilha sonora é completamente dominada por canções de
Caetano Veloso, que encerra o filme com uma declaração sua da necessidade tanto
da crítica quanto de se brigar com ela. Alguns dentre os muitos outros
depoentes são Ken Loach, Denis Tanovic, Michel Ciment, Jean-Pierre Frodon (com
uma bela passagem em que se refere que o momento de escrita é o único em que
consegue expressar algo realmente sobre um filme), Vicente Aranda, Mika
Kaurismäki, etc. Everybody on the Neck/Onoma para Colifilms. 82 minutos.
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