Filme do Dia: O Farol (2019), Robert Eggers
O Farol (The
Lighthouse, EUA/Canadá, 2019). Direção: Robert Eggers. Rot. Original:
Robert Eggers & Max Eggers. Fotografia: Jarin Blaschke. Música:
Mark Korven. Montagem: Louise Ford. Dir. de arte: Craig Lathrop & Matt
Likely. Cenografia: Ian Greig. Figurinos: Linda Muir. Com: Robert Pattinson,
Willem Dafoe, Valeriia Karaman.
Anos
1890, na costa da Nova Inglaterra. Um velho e experiente faroleiro, Thomas Wake
(Dafoe), chega novamente na ilha inóspita em que se encontra o farol, que
deve tomar de conta, junto com seu novo ajudante, Ephraim Winslow, aliás Thomas
Howard (Pattinson), a quem não cansa de injuriar. As tensões climáticas se
reproduzem nas relações de crescente antagonismo e abuso entre os dois homens.
Aborrecida
incursão mal sucedida em que o alegórico ganha asas sobre o realismo, de forma
pretensiosa, inflada de um formalismo estético de incrível tradução em termos
de direção de arte e fotografia (em preto&branco), mas tão estéril e
insosso quanto a maior parte dessas obras que pretendem, de forma mais
explícita, e sem fincar pés em um cotidiano plenamente crível, podem ser. Suas
pretensões becktianas tendem a ganhar um crescendo de histeria e verbosidade,
vividas com ganas pela dupla de atores em um tour de force que, infelizmente, não consegue conformar aspectos do
humano que produzam pathos para além
do histrionismo e da auto-degradação, como pode ser observado em filmes que
também fazem primordial da palavra, como QuemTem Medo de V. Woolf? (1966), no qual o preto&branco já era uma
sinalização à época para uma estética que nutria relações complexas com o real.
Quanto mais o filme se distancia do gesto pequeno e do cotidiano opressor,
observado de fora e investe na sua explosão teatral-literária, com esgares,
récitas, peidos, gritos, murros e escoriações, em ritmo crescente, mais se
distancia do farol que poderia salvá-lo de seu naufrágio. A24/New Regency
Pictures/RT Features. 109 minutos.
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