Filme do Dia: Aquarela - As Cores de uma Paixão (2008), David Oliveras
Aquarela – As Cores de uma Paixão (Watercolors,
EUA, 2008). Direção e Rot Original David Oliveras. Fotografia Melissa Holt.
Música Marcelo Cesena & Dorian Rimsin. Montagem Martinos Aristidou. Dir. de
arte Ron Hansford & Krista Gall. Figurinos Stephanie Bravo. Com
Tye Olson, Kyle Clare, Ellie Araiza, Casey Kramer, Jeffrey Lee Woods, William
Charles Mitchell, Ian Rhodes, Edward Finley, Karen Black.
Carter
(Clare) é um dedicado aluno na prática da natação, filho de um pai membro do
AA, Stephen (Woods), com cuja companheira de
grupo, Miriam (Kramer) ele deixa o filho determinado dia. Miriam é mãe de um
sensível garoto, Danny (Olson), o predileto da professora, a Sra. Martin
(Black), cuja paixão são as aquarelas. Ele e Carter se tornam próximos,
mantendo algum contato sexual. Danny se apaixona por Carter, que não retribui
por completo o seu afeto. Ele combina com Danny de não se falarem na escola.
Porém a amizade entre os dois é descoberta por alguns colegas da equipe de
natação de Carter, que agridem Danny. Com o episódio, Miriam escuta de Danny
que ele é gay, e que esse foi o motivo de ter sido agredido, e que se encontra
envolvido emocionalmente por Carter. Em crescente ansiedade Carter tenta
disputar o primeiro lugar na prova de natação que será fundamental para o seu
futuro imediato e fica em segundo, buscando afastar-se de Danny e, por fim,
tragicamente sendo afetado por sua situação. Danny rememora décadas após do
ocorrido, em uma galeria de arte, ao lado de seu atual companheiro.
Casos de
amores gays em ambientes adversos tem sido presentes na filmografia do século
XXI com certa regularidade (a exemplo de Seu Nome Gravado em Mim e Queda Livre). Ao contrário desses,
trata-se aqui de uma produção bastante canhestra, com elenco compatível com a
produção, a exceção da veterana e ótima Karen Black. E para um filme no qual um
dos protagonistas, Carter, afirma que o outro, Danny, é sempre previsivelmente
clichê, não deixa de carregar na mão em uma série de clichês. Porém, em meio a
platitudes ou mesmo dificuldade de apresentar liga dramática que nos faça, de
fato, crer e, portanto, envolver-nos com
seus personagens e situações, há algo que foge do clichê. O personagem
que ao início demonstrou maior ousadia e senso de rebeldia, não é abertamente
gay, enquanto o mais introvertido o é. E a modéstia de tudo, incluindo as
interpretações, pode evocar algum bom samaritano sentimento de adesão mínimo. Só com muita boa
vontade, as assépticas cenas de sexo, com os atores sempre escolhendo poses
caricatas e pouco naturais para esconderem as suas genitálias, repercutirão
algum erotismo. Sua trilha musical é uma
quase cópia do Prelúdio em C Maior do Cravo Bem Temperado, de
Bach. Dito isso, existe uma cena que se destaca do desalento geral. A que a mãe
escuta de Danny sua revelação de que fora agredido por ser gay. Mas para cenas
como essa, segue-se o oposto, com a caricatura do técnico de natação e seu
jeito truculento de tratar Carter. Ainda soçobram entulhos na forma como lida
mal com a melhor amiga de Danny e a professora vivida por Black, que parecem
mais pontas soltas, que parte orgânicas do enredo. Sobretudo no caso da
primeira, que simplesmente desaparece praticamente da narrativa, enquanto a
professora ainda voltará a ter destaque. E, bem pior, uma história-moldura que
se passa no futuro, quando Danny já é um artista reconhecido, em uma
retrospectiva de sua obra, mas ainda repleto de dívidas para com esse passado
não superado de todo. Talvez melhor possa ser dito dessa película, ao final de contas, é o
seu reconhecimento das diferenças na forma de se compreender uma relação, que
não se dobram a argumentos sentimentais ou de afirmação de minorias, e que são
incompatíveis, em certa medida, do início ao final, com envolvimento emocionais
bastante diversificados. Porém, imagina-se que a “redenção” ou “superação” do
trauma se deslocará para a história-moldura, o que se pretende apontar ao
final. SilverLight Ent. 114 minutos.
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