Filme do Dia: Eclipse (1984), Antônio Moreno

 


Eclipse (Brasil, 1984). Direção: Antônio Moreno.

Talvez a mais expressiva obra dos 15 curtas dirigidos pelo acadêmico Moreno, autor de livro sobre personagens homossexuais no cinema brasileiro. Fazendo uso de uma tradição experimentalista que remete irremediavelmente a Stan Brakhage, Moreno se afasta igualmente dessa em ao menos duas características e meia. A meia é o uso, aqui bastante saliente, de imagens filmadas de modo convencional, progressivamente ausentes na obra do norte-americano. E as duas outras são a sonorização – os filmes de Brakhage são habitualmente mudos – e, relacionado diretamente a essa, um discurso político-libertário que remete ao apagão vivido na democracia do país desde a ditadura de 64, a partir de um viés glauberiano. Visionário, portanto crítico do autoritarismo, mas também do populismo de esquerda, sempre claudicante em enfrentar o primeiro. Há referências à política internacional, que vão do endeusamento do mito Guevara à crítica ao castrismo, como outra forma de autoritarismo apenas, a Guerra Fria que segmentou a Europa pela metade e o avanço da mão de ferro norte-americana, agora com o privilégio de não mais fazer que seus cidadãos pereçam em suas intervenções políticas em outros países autônomos. Nomes emblemáticos surgem nesse pecurso, como além do próprio Gláuber e Guevara, Leila Diniz e outros. Ainda outros são citados na banda sonora como Yasser Arafat e referências ao célebre poema sobre a pedra no meio do caminho de Drummond. Animação produzida diretamente na película.  Líder RJ. 12 minutos.

 

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