Filme do Dia: Falsa Moral (1996), Angela Pope

 


Falsa Moral (Hollow Reed, Reino Unido/Dinamarca, 1996). Direção:  Angela Pope. Rot. Adaptado:  Neville Bolt, baseado no conto de  Paula Milne. Fotografia: Remi Adefarasin. Música: Anne Dudley. Montagem: Sue Wyatt. Dir. de arte: Stuart Walker Com:  Sam Bould,  Martin Donovan,  Ian Hart, Joely Richardson,  Jason Flemyng.                    

Oliver vive em situação de extrema tensão, já que constantemente é espancado pelo padrasto, Frank Donnaly (Flemyng) que, no entanto, consegue que sua mãe, Hannah (Richardson), acabe por acreditar que se tratam de coincidências. Após um dos espancamentos, com o rosto ferido, o garoto procura ajuda do pai, Martyn (Donovan), que atualmente vive uma relação homossexual com Tom Dixon (Hart). Indagado sobre quem praticou a violência, Oliver acusa uma gangue no parque. Quando volta a sofrer violência, tendo alguns dos ossos da mão sido afetados e afirma que prendera a mão na porta do carro, Martin passa a ter certeza de que a violência é realizada por Frank. Procurando auxílio legal, para reivindicar a guarda do filho, ele encontra como principal obstáculo sua condição sexual. Ainda que dividido, ele pede que Tom Dixon se afaste temporariamente, para não prejudicar o andamento do processo. Tom, no entanto, recebe um fax que confirma a existência de um caso anterior de guarda de filho que foi ganha por um casal homossexual. Porém Martyn continua cético. Certo dia, Hannah surpreende Frank cometendo violência com Oliver e, aterrorizada,  o expulsa de casa. Porém não resiste a sua chantagem emocional e a promessa de que não vai ocorrer de novo. O caso começa a ser julgado e Martyn tem sua vida sexual devassada. Ele e Tom optaram por serem o mais franco possíveis, porém Tom não aguenta a pressão e perde a cabeça. Um dia Oliver desaparece. Quando reaparece em casa, é agredido por Frank. Logo, no entanto, chega seu pai e os dois lutam. Martyn apanha. Logo chegam Hannah e Tom. Oliver vai morar com o pai e seu companheiro. Hannah se separa de Frank e procura timidamente se reaproximar do filho.

              Banal drama de colorações televisivas com um título em português que se ajusta como uma luva ao filme, já que nada diferente dos melodramas maniqueístas que povoavam o cinema americano dos anos 40, com títulos semelhantes, povoados com moralismos tão inócuos quanto os aqui apresentados. Para não falar de Griffith. Com a diferença de que aqui tudo é infinitamente inferior, em termos de construção das imagens logicamente. Algumas mudanças simplesmente cosméticas, com relação a essa longa tradição, como a da temática gay secundária - ainda que bastante confortável dentro do esquema “politicamente correto” que heroiciza as minorias da mesma forma que o marxismo vulgar anteriormente fizera com os trabalhadores, destituindo-os quase de uma autonomia própria e do direito de serem verdadeiramente humanos - também não dizem grande coisa. A manipulação emocional provocada pela identificação com o irresistível sofrimento de uma criança e, por outro lado, pela abjeção e revolta que provoca a figura do padrasto e o happy end apontado, com a descarga de toda ansiedade e revolta já saudavelmente liberada, apenas demonstra o quão primária é a construção da narrativa.  Channel Four Films/Scala Ltd/ Senator Film Produktion GmbH. 104 minutos.

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