Filme do Dia: Dois Perdidos numa Noite Suja (1970), Braz Chediak

 


Dois Perdidos numa Noite Suja (Brasil, 1970). Direção: Braz Chediak. Rot. Adaptado: Braz Chediak, Emiliano Queiroz e Nélson Xavier, baseado na peça de Plínio Marcos. Fotografia: Hélio Silva. Música: Almir Chediak. Montagem: Raimundo Higino. Cenografia: Eli Celano. Figurinos: Antonio Murilo. Com: Emiliano Queiroz, Nélson Xavier, Paulo Sacramento, Papa Ruiz, Vanda Trizkaya, Fernando José, J. Diniz.

Tonho (Queiroz) passa a dividir a miserável morada com Paco (Xavier), porém a convivência com o colega de trabalho braçal no mercado não se revela nada harmoniosa. Tonho estudou, possui família, alguma ambição de melhorar de vida e sente-se ameaçado pela ignorância e falta de escrúpulos de Paco, que o aflige com as ameaças de Negrão, um homem que passa a extorquir dinheiro de Tonho em troca de não espanca-lo e não se dispõe a emprestar seu sapato por um dia sequer, além de goza-lo referindo-se constantemente a ele como homossexual. Para Tonho tudo na vida mudaria se conseguisse um par de sapatos novos para se tornar apresentável nos empregos que se candidatasse. Para Paco tudo melhoraria se conseguisse comprar novamente uma flauta, instrumento que afirma possuir habilidades. Tonho tem a idéia de assaltarem um casal de namorados para que ele consiga um sapato novo. Paco adora a idéia e eles a efetivam. Porém, Tonho entra em desespero ao descobrir que o sapato é de um número menor que o seu. Paco, como sempre, tripudia sobre o colega, satisfeito por que ele não mais abandonará o casebre. Porém, Tonho mata-o e fica com seu sapato, rebatizando-se a si mesmo e pretendendo encarar o mundo do crime.

Mau exemplo de adaptação teatral já que nem consegue se afastar da fonte original, no sentido de buscar um viés realista e cinematográfico que torne menos evidente sua origem teatral, nem muito menos  ser um bom exemplar de teatro filmado, pela ausência de ritmo ou de verossimilitude dos personagens, graças em boa parte as interpretações caricatas da dupla de protagonistas. Soa  datada sua apresentação das motivações sociais que levam uma pessoa honesta a enveredar pelo mundo do crime, presente na obra de Marcos, assim como seu psicologismo rasteiro. Representações do mundo do crime e da violência ganharam expressão bem mais cinematográfica e reflexiva, sem cair no absoluto esquematismo, em filmes como Pixote (1980), de Babenco. Refilmado em 2002, pelo cinesta. Chediak também dirigiu Navalha na Carne, outra adaptação de Plínio Marcos para as telas no mesmo ano. Magnus Filmes. 88 minutos.

 

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