Filme do Dia: Disparo para Matar (1966), Monte Hellman

Disparo para Matar (The Shooting, EUA, 1966). Direção: Monte Hellman. Rot. Original: Carole Eastman. Fotografia: Gregory Sandor. Música: Richard Markowitz. Montagem: Monte Hellman. Dir. de arte: Wally Moon. Com: Warren Oates, Millie Perkins, Will Hutchins, Jack Nicholson, Charles Eastman, Guy El Tsosie, Brandon Carroll.

O garimpeiro Gashade (Oates), após retornar a mina, sabe do irmão desaparecido, Leland, morto e Coley (Hutchins), completamente fora de si. Após se acalmar, Coley conta o que supostamente teria acontecido. Ele diz que Coigne apareceu por lá embriagado e levou seu cavalo. Enquanto conversam ouve-se um tiro. Trata-se de uma mulher (Perkins), que matara seu pônei. Apesar de reclamar de tudo, a mulher convence Gashade, por uma boa soma de dinheiro,  a atravessar o deserto. Soma-se a eles, após certo tempo, o pistoleiro Billy Spear (Nicholson). Após Coley ter ficado para trás, o jogo de vida e morte ocorre agora entre os três que continuam a jornada.

Ao contrário do de longe mais bem resolvido Corrida Sem Fim, a aplicação mais seminal de princípios então em voga no cinema moderno europeu em um filme de gênero mais convencional, aqui prontamente codificado como western não parece surtir o mesmo efeito. De fato, dada sua precariedade técnica e algumas pavorosas atuações, incluindo cenas constrangedoras com Perkins, como a que reclama da qualidade da água no acampamento da mina, sua complexa e original leitura algo beckettiana de temas que estão longe de serem estranhos ao western, mas provavelmente nunca desenvolvidos de tal maneira – mesmo em uma meia década que viu emergir desde Lonesome Cowboys de Warhol até Pistoleiro Sem Destino de Fonda, passando pelo meta-western O Último Filme, de Hopper. De fato as informações chegam truncadas ao ponto de sequer se ter ideia do que realmente ocorre e se fica, ao final de contas, com a impressão que se trata de um íncubo que fica a meio termo entre o trash de A Besta da Caverna Assombrada e o cult de Corrida Sem Fim. Na mesma época Hellman dirigiria outro western, igualmente com Nicholson não apenas como ator, mas igualmente como co-produtor, A Vingança de um Pistoleiro. Proteus Film para Continental Distributing. 82 minutos.