Filme do Dia: Carlitos Dentista (1914), Charles Chaplin




Carlitos Dentista (Laughing Gas, EUA, 1914). Direção: Charles Chaplin. Fotografia: Frankie D. Williams. Montagem: Charles Chaplin. Com: Charles Chaplin, Fritz Schade, Alice Howell, Slim Summerville, Josef Swickard, Mack Swain, Helen Carruthers.
Um assistente de dentista atrapalhado (Chaplin) é completamente desrespeitoso com  os clientes desse. Quando o dentista chega (Schade), seu uso do gás hilariante deixa o paciente desacordado. Ele é chamado para a casa, pois a esposa (Howell) passa mal, após ter sido vítima de constrangimento de seu assistente. É o momento que o assistente aproveita para se fazer passar pelo patrão e, ao mesmo tempo, flertar com uma jovem paciente (Carruthers). Quando o dentista volta com sua mulher ao consultório, um verdadeiro banzé se encontra instalado.
Talvez mais que os méritos cômicos desse curta, ao menos para uma visada mais de um século após, o que talvez o torne interessante seja o estranho arranjo entre um assistente baixinho, ao menos em relação a Chaplin, que mais parece uma criança travestido de adulto, e que visualmente evoca ilusões ópticas produzidas pelo perspectivismo (ou, se adaptado a própria história do curta, do efeito do gás, expediente recorrente do primeiro cinema da década anterior, como é o caso do filme homônimo de Porter, lançado em 1907, dentre vários). Excessivamente dependente de cacoetes do burlesco, trata-se de um dos 36 curtas que o ator estrelou em seu ano de estreia no cinema, o que dá uma medida de quão ligeiro era o processo produtivo sob a batuta de Mack Sennett, e também atestando a popularidade crescente do cômico. Talvez a única tirada que provoque um riso espontâneo seja a que Carlitos desastradamente acaba despindo a saia da mulher com a qual flerta – deixando, auge da ousadia, a parte inferior de suas pernas desnudas, que mal sabe ele ser a esposa de seu patrão. E alguns dos cacoetes não menos gráficos que se tornarão sua marca registrada já surgem aqui, como o nada sutil empurrar com a perna a garota bonita para o consultório, enquanto uma senhora, com muito mais urgência, é preterida. A atriz que encarna a garota jovem e bela, Helen Carruthers, em ponta não creditada, aparentemente se suicidaria onze anos após, tendo sua carreira como atriz ficado restrita ao ano dessa produção. A falta de um roteiro mais orgânico, ao menos para os padrões do cinema clássico que se instituía aos poucos, faz com que as situações surjam como mero pretextos para gags.  Destaque para as pontas de Swain, com seu indefectível bigode de morsa. Keystone Film Co. para Mutual Film. 13 minutos.

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