Filme do Dia: Amantes (2008), James Gray


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Amantes (Two Lovers, EUA, 2008). Direção: James Gray. Rot. Original:  James Gray & Ric Menello. Fotografia: Joaquín Baca-Asay. Montagem: John Axelrad. Dir. de arte: Happy Massee, Marc Benacerraf & Pete Zumba. Cenografia: Carol Silverman. Figurinos: Michael Clancy. Com: Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow, Vinessa Shaw,  Isabella Rossellini, Moni Moshonov, Elias Koteas, Bob Ari, Julie Budd.
Leonard Kraditor (Phoenix) apesar de já possuir idade relativamente avançada vive com os pais no Brooklyn.  Ele possui problemas emocionais que o levaram a tentar o suicídio algumas vezes.  Guarda ainda no quarto a foto de sua ex-noiva, cujo noivado se rompeu após ambos descobrirem que eram portadores de doenças hereditárias, o que comprometeria enormemente a chance de terem filhos saudáveis. O novo sócio do pai (Moshonov), Michael (Ari) traz a filha, Sandra (Shaw) que já se sentia atraída por Leonard. Leonard, no entanto, conhece a vizinha recém-chegada, Michelle (Paltrow), por quem se apaixona.  Michelle, por sua vez, vê-lo como amigo e se relaciona com um homem casado, Ronald (Koteas). Os três saem juntos e Ronald compartilha com Leonard seu temor por ela se encontrar envolvida com drogas. Diante do noivado iminente, que também representa uma chance de ouro para os negócios do pai, Leonard recebe uma ligação de Michelle, que sangra e perde o bebê num aborto natural. Leonard uma vez mais se declara a ela, pouco depois, e planeja uma fuga repentina para San Francisco. Ele compra as passagens e marca um horário para se encontrarem no prédio. É noite de ano novo e a família de Sandra, assim como a própria, chegam, além de vários convidados, à casa dos Kraditors. Leonard tenta sair completamente despercebido, mas sua mãe (Rossellini), que já sabia de tudo, despede-se dele. Quando chega ao local marcado, depara-se com uma mudança de planos por parte de Michelle, que se diz sensibilizada por Ronald ter rompido com a esposa. Completamente arrasado, Leonard anda a esmo e joga a aliança que havia comprado para Michelle numa praia deserta. Depois a recupera e retorna a recepção na casa dos pais, entregando-a a Sandra, selando o noivado.
É patente o talento de Gray para lidar com personagens dotados de forte afetividade e que se encontram em circunstâncias não muito favoráveis para vivencia-las plenamente, dimensão potencialmente melodramática. Algo que se torna acentuado pelo seu tino na direção de atores e por seu relativo recuo no uso habitual de recursos que acentuem, de forma redundante, a situação (melo)dramática, não fazendo uso de trilha sonora, assim como apresentando sua trama de forma algo oblíqua e misteriosa, como se sempre houvesse um coelho escondido na cartola. Como que a ressaltar a sempre constante tensão entre os sentimentos mais íntimos e a fragilidade potencial que provocam quando emergem diante do outro. Dito isso, tampouco se pode deixar de frisar o modo algo restrito com que os personagens, com exceção de seu protagonista, são descritos – como se todos existissem a partir de sua perspectiva. Assim, Sandra é sempre doce, compreensiva e compassiva e a mãe, com exceção parcial de um momento, a figura vigilante, temerosa e esquiva. E talvez seja esse momento de exceção que gere a cena mais tocante do filme, a da despedida (que logo se perceberá ser precoce) entre mãe e filho, ao mesmo tempo proporcionando a personagem da mãe algo além do mencionado. E, por outro lado, a obsessão de Gray por Phoenix se demonstra pouco produtiva e talvez a principal fraqueza do filme, pois o mesmo parece apenas atualizar o que anteriormente já se fez em termos de caracterização de personagens com algum distúrbio. Falta sutileza nesse composição do personagem, uma ausência que, na verdade, é inerente ao cinema norte-americano como um todo e, portanto, algo perversa de ser cobrada individualmente. É que o contraste entre o domínio e a contenção por parte de quem narra apenas ressalta-o ainda mais. Seu final, sinalizando para um pragmatismo auto-imposto e auto-punitivo por parte de Leonard traz a comparação uma estratégia outra, menos explícita e mais trivial e agridoce, de fazer menção a continuidade da vida sem que a paixão romântica seja vitoriosa, ao final de Os Guarda-Chuvas do Amor (1964), de Jacques Demy. 2929 Prod./Wild Bunch/Tempesta Films para Magnolia Pictures. 110 minutos.

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