Filme do Dia: Mandrágora (1952), Arthur Maria Rabenalt


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Mandrágora (Alraune, Al. Ocidental, 1952). Direção: Arthur Maria Rabenalt. Rot. Adaptado: Kurt Heuser, a partir do romance de Hanns Heinz Elwers. Fotografia: Friedhl Behn-Grund. Música: Werner R. Heymann. Montagem: Doris Zeltmann. Cenografia: Robert Herlth. Figurinos: Herbert Ploberger. Com: Hildegard Knef, Erich von Stroheim, Karlheinz Böhm, Harry Meyen, Rolf Henniger, Harry Halm, Hans Cossy, Gardy Brombacher.
Alraune (Knef) foge do convento, e quando o professor e cientista Jakob ten Brinken (von Stroheim), seu responsável, vai conversar com as freiras, essa já se encontra em sua residência, onde desperta de imediato a atenção de Frank Braun (Böhm) e quando esse alerta sobre ela aos amigos Wolf (Henniger) e o Conde Geroldingen (Meyen), esses também se sentem magnetizados por ela. Quando ela marca um encontro com o Conde, mesmo sob chuva forte, e faz com que o cocheiro Matthieu (Cossy) vá deixa-la, os cavalos disparam de uma forma que o cocheiro não consegue dominar e ela salta antes do triste fim da carroça e de Matthieu. Posteriormente também o Conde e Geroldingen morrerão em razão de seu encanto pela moça. Quando Alraune decide que deverá viver com Braun, por quem se diz verdadeiramente apaixonada, ten Brinken conta sobre sua origem: ela fora fruto de uma experiência de inseminação do próprio ten Brinken, usando o corpo de uma prostituta e o sêmen de um enforcado. Mesmo abalada e inicialmente vacilante, ainda assim Alraune decide se unir a Braun, que chega na propriedade de Brinken justamente no momento em que decide partir. Esse não concorda com a decisão e a mata, sendo posteriormente condenado à forca.
O que menos empolga nessa produção, sobretudo quando pensada em termos comparativos com a versão muda mais célebre, dirigida por Henrik Galeen, em 1928, é sua insipidez submissa aos valores de produção da época, em um modelo de cinema que guardadas as devidas proporções (e o fato de ser realizado em p&b) bem poderia sinalizar para uma versão germânica suavizada dos filmes de horror britânicos da Hammer, caso esses não começassem a ser produzidos somente meia década após. Se a escolha de von Stroheim traz um peso à figura de ten Brinken, esse fica mais pela força da interpretação do veterano ator e cineasta que por somar a isso uma forte dimensão pseudo-incestuosa presente no filme de Galeen somado ao fato de outro grande ator, Paul Wegener, ter vivido o personagem e, igualmente, ao papel mais secundário que esse tem, assim como na versão sonora de 1930, no conjunto da trama como um todo. A versão muda, e a personagem tal como representada pelo filme de Galeen,  aliás, combinaria muito mais com a trajetória do próprio Stroheim enquanto cineasta, habitual descortinador da hipocrisia por baixo do manto das soluções morais encontradas pela sociedade.  Iniciando com planos abertamente solares que logo se demonstrarão tempestuosos, mais de uma tempestuosidade tão pouco crível quanto a anemia com que a maior parte dos personagens são vividos.  Alraune se transforma numa vilã rasa e destituída da sensualidade calculada e abertamente desafiadora com que Helm encarnou bravamente na primeira das suas duas interpretações da personagem. Ao contrário, aqui ela surge como uma criatura que, tal como o próprio filme, tira partido de sua perversão na forma como apresenta tudo enquanto pretexto para um discurso tipicamente melodramático  que culminará com o amor enquanto salvação para a personagem – e não, em última instância, a razão, como no filme de Galeen – caso seu destino estivesse somente em suas mãos. Porém, aqui o criador detém a última palavra sobre sua criatura, sendo a mais cordata e menos revoltada em relação à figura de autoridade paternal das três versões cinematográficas aqui assinaladas e, talvez não por acaso, morrendo por mãos outras. Seu academicismo pulula dos movimentos de câmera que mais parecem saídos de um manual de composição cinematográfica à sua trilha musical e as interpretações insossas dos então principiantes Knef e, sobretudo,  Böhm, ambos de carreira longeva e relativamente de destaque no cinema alemão, sendo que ele estreara em papel de maior destaque nesse mesmo ano, enquanto ela já havia tido um de seus papéis mais lembrados para trás (Os Assassinos Estão Entre Nós, de 1946). Deutsche Styria-Film GmbH-Carlton Film GmbH. 92 minutos.

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