Filme do Dia: Bruma Seca (1960), Mário Civelli



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Bruma Seca (Brasil, 1960). Direção: Mário Civelli. Rot. Original: Mário Brasini & Pola Civelli, fotografia: Guglielmo Lombardi. Música: Edino Kruger. Montagem: Mauro Alice, Carlos Coimbra & Ebba Picchi. Dir. de arte: Francisco Balduíno. Com: Luigi Picchi, Maria Dilnah, Mário Brasini, Ruth de Souza, Eneida Costa, Adoniran Barbosa, Francisco Egídio, José Mercaldi, Alfredo Scarlat.
Helena (Dilnah) e Marcos (Brasini) convencem o piloto de avião João Querido (Picchi) a, sob protestos pela questão da segurança, visitarem uma comunidade que se ergue em meio ao garimpo. Lá Marcos afirma ser o dono legal das novas terras que pertenceram ao seu tio, provocando animosidades e tendo que partir logo. Na viagem de volta, o avião é forçado a fazer um pouso de improviso em meio à mata, por conta da bruma seca, que dificulta a visibilidade. Os três agora tentam vencer as intempéries dos dias de caminhada para chegarem ao destino almejado. No meio do caminho encontram uma cabana onde se encontra a grávida Luísa (de Souza). Há uma tensão sexual crescente entre Luísa e João Querido. Na retomada da jornada a pé, tornam-se vítimas de um grupo de garimpeiros que matam Marcos, já anteriormente ferido na perna,  que havia recomendado que os dois outros seguissem adiante sem ele.
Nessa narrativa um tanto amorfa, e nada usualmente em cores (Eastmancolor) para a época, a sofrível representação do povo é apenas figuração patética para as ações do trio principal, que evocam a procastrinação do tema que acompanha o cinema desde que é cinema (de pretensões narrativas, ao menos), do triângulo amoroso.  Não faltam cenários naturais “exóticos” e, como que em escala reduzida a dos filmes de aventura no estilo Tarzan, uma região inóspita com direito a cobras, grutas sombrias, chuva e corredeiras. Os que são atingidos por balas nos tiroteios morrem de forma tão canastronamente exibidas quanto em algum faroeste B do passado hollywoodiano e a inclusão na banda sonora do bela tema instrumental de Villa-Lobos, colhido no folclore local nordestino, Caicó, com participação de Baden Powell no violão, soa como um enorme desperdício diante da pobreza estética e dramática do filme, ressaltado ainda mais em contraste com a música. Mais que motivações propriamente concretas, sobretudo na ação de enfrentamento final, o filme parece simplesmente seguir o “script” de cenas de ação, luta e suspense sobre a vitória ou não do mocinho e da mocinha contra seus quatro adversários. Último filme de Dilnah, que se casaria com o realizador, abandonando o meio – ela havia sido a mocinha de Anselmo Duarte em Absolutamente Certo. A maior curiosidade dessa produção talvez seja a de contar com a fotografia de Lombardi, que iniciou carreira trabalhando na Itália da época do fascismo com Rossellini (L’Uomo dalla Croce).  Multifilmes. 96 minutos.

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