Filme do Dia: A Esposa (2017), Björn Runge
A Esposa (The Wife, EUA/Reino Unido/Suécia, 2017).
Direção: Björn Runge. Rot. Adaptado: Jane Anderson, a partir do romance
homônimo de Meg Wolitzer. Fotografia: Ulf Brantas. Música: Jocelyn Pook.
Montagem: Lena Runge. Dir. de arte: Caroline Grebbell, Paul Gustavsson &
Martin McNee. Cenografia: Craig Menzies. Figurinos: Trisha Biggar. Com: Glenn
Close, Jonathan Pryce, Max Irons, Christian Slater, Harrie Lloyd, Annie Starke,
Elizabeth McGovern, Johan Widerberg, Karin Franz Körlof.
Joseph Castleman (Pryce) é surpreendido certa manhã com a notícia de
que ganhou o Nobel de Literatura. Após um momento de comemoração e pulos na
cama com a esposa Joan (Close), a vitória lhe proporcionará igualmente, voluntariamente
ou não, um acerto de contas não muito tranquilo com o passado, que inclui sua
relação com o filho David (Irons), aspirante a escritor, com o seu pretenso
futuro biógrafo Nathaniel (Slater), que encontra, para seu desprazer, no voo
para Estocolmo, com a jovem fotógrafa Linnea (Körlof) escalada para cobrir sua
estadia na Suécia e, mais que tudo, com a própria esposa, que o levará à morte.
Fosse um pouco mais comedido e/ou ambíguo em relação ao tratamento do
tema que aborda, embora se encontre provavelmente bastante comprometido com sua
fonte original literária, e esse filme talvez amealhasse o nível de
sofisticação que aparentemente pretende. Antecipa-se, de forma não muito feliz,
o momento em que a contenção cederá aos apelos do melodrama, e felizmente ele
ocorre em momento já relativamente avançado do filme, mas não ao ponto de
salva-lo de sua fórmula engrandecedora da protagonista feminina, em zelo
bastante antenado com o embate feminista-progressista que lhe é contemporâneo,
mas talvez demasiado servil a estereótipos de um discurso pré-formatado para
soarem verdadeiramente interessantes em seu aspecto humano. É muito mais isso,
que pecadilhos menores como a figura ridiculamente chapada do filho, que jamais
seria salva ou apenas aprofundaria sua unidimensionalidade na interpretação que
ganha de Irons ou, em escala ainda menor, furos como a presença única de Linnea
a cobrir as fotos no ensaio para a premiação de Joseph, sem que os outros
premiados tenham algo equivalente, que torna sua experiência menos interessante
do que poderia. A seu favor, além da interpretação inspirada de Close, o que a
personagem vivida por ela diz como recomendação última ao inconveniente
biógrafo. Apela-se muito excessivamente para o elemento morte, como se trata do
desnecessário caso aqui. E tampouco o caráter absolutamente mecânico com que
Castleman joga o mesmo discurso de flerte seja para a mulher que constrói sua
vida a seu lado, quanto para qualquer outra é uma dessas arestas que, melhor
trabalhadas, renderiam algo além da trivial e reconfortante solução final,
termo aliás que se aplica como uma luva ao cômodo fim tido pela personagem que
não se enquadra moralmente nos princípios éticos que o filme aponta. Starke, que vive Joan na juventude, é ninguém
menos que filha de Close. Meta Film/Anonymous Content/Speak Film & TV para
Sony Pictures Classics. 100 minutos.
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